Os cosmonautas Oleg Artemyev e Sergey Prokopyev instalaram com sucesso a primeira antena experimental Icarus no ...

Visão do Espaço: o que aprender observando detalhes de 100 mil animais vistos de fora da Terra

Ao monitorar o movimento, a saúde e as condições ambientais de milhares de animais ao mesmo tempo vistos desde o Espaço, o Projeto Icarus espera resolver vários mistérios científicos.

Os cosmonautas Oleg Artemyev e Sergey Prokopyev instalaram com sucesso a primeira antena experimental Icarus no exterior da Estação Espacial Internacional durante uma caminhada espacial de quase oito horas em 2018.

Foto de ESA, eyevine, Redux
Por Sarah Gibbens
Publicado 8 de dez. de 2025, 16:01 BRT

Um satélite recentemente lançado, em Novembro de 2025, ao Espaço por um foguete da SpaceX marca um passo crucial para o rastreamento da vida selvagem com detalhes sem precedentes.

Projeto Icarus (Cooperação Internacional para Pesquisa Animal Usando o Espaço) irá monitorar milhares de animais, de mamíferos a insetos, em tempo real. O lançamento em novembro marcou o início de uma fase de testes para um novo satélite mais ágil, desenvolvido após o programa passar por um hiato de três anos. Um segundo satélite será lançado em março de 2026, em coordenação com a National Geographic Society, com planos para mais lançamentos no futuro.

Os cientistas que trabalham no projeto afirmam que ele não só lhes dará mais informações sobre os movimentos dos animais, mas também sobre como esses movimentos podem ajudar a prever tudo relacionado a eles, desde o clima até a propagação de doenças.

“Acho que precisamos de um novo sistema de observação da Terra para a própria vida animal”, afirma Martin Wikelski, diretor do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha, e Explorador da National Geographic.

Wikelski está animado para encontrar respostas para a longa lista de perguntas que há muito o incomodam, como: O que aconteceu com os três bilhões de pássaros canoros que parecem ter desaparecido na América do Norte? E o que os animais percebem que os alerta sobre um desastre iminente?

Ainda mais empolgantes, diz ele, são as respostas para as perguntas que ele e seus colegas ainda nem pensaram em fazer. “Sabemos que isso fornecerá informações incríveis”, afirma confiante Wikelski.

Um pardal-de-garganta-branca (Zonotrichia albicollis) canta em Manitoba, no Canadá, onde um novo chamado característico substituiu o ...

Um pardal-de-garganta-branca (Zonotrichia albicollis) canta em Manitoba, no Canadá, onde um novo chamado característico substituiu o anterior.

Foto de Glenn Bartley, Minden Pictures

O projeto Icarus 2.0 teve uma atualização que o deixou mais leve e eficiente


primeira iteração do Projeto Icarus assumiu a forma de uma antena a bordo da Estação Espacial Internacional. Lançada ao Espaço em 2020, foi uma façanha que levou oito anos para ser concretizada, diz Wikelski. Em apenas um ano, a antena observou centenas de animais de 15 espécies diferentes

Os cientistas descobriram que os maçaricos-de-bico-fino, um tipo de ave, podem voar sem parar da América Central ao Texas e que os cucos, outra espécie de ave, podem voar sobre o Oceano Índico da Índia à África.

No entanto, após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o Projeto Icarus foi interrompido quando um programa espacial colaborativo entre a Alemanha e a Rússia chegou ao fim.

A guerra foi horrível e ainda é, mas, no final, fez com que nossos engenheiros trabalhassem muito em um novo sistema”, afirma Wikelski. 

“A antena do lançamento anterior era um monstro”, diz Wikelski sobre seu tamanho original. O novo sistema Icarus mede apenas 10 centímetros de comprimento.

Agora, ele está instalado em um satélite em forma de caixa — apropriadamente chamado de CubeSat — que Wikelski descreve como do tamanho de uma geladeira (“uma geladeira europeia”, esclarece ele). Ele diz que os futuros satélites serão ainda menores, do tamanho de uma caixa de sapatos.

Durante o período de testes deste novo satélite, Wikelski e sua equipe garantirão que ele orbite a Terra em uma trajetória viável e se conecte efetivamente aos computadores em terra.

“É quase como um scanner linear. Ele percorre de polo a poloescaneando todos os cantos da Terra em aproximadamente um dia”, explica Wikelski.

Se tudo correr como planejado, sua equipe pretende lançar outro satélite financiado pela National Geographic Society na primaveraAté 2027, eles planejam ter seis satélites Icarus monitorando animais.

Então, ele e seus colaboradores começarão o trabalho meticuloso de equipar novos animais com pequenas etiquetas que enviam sinais de dados para os satélites em órbita.

(Você pode se interessar também: Os segredos de Io, a Lua vulcânica de Júpiter: lava e marés gigantescas desde os primórdios do Sistema Solar)

Como o projeto monitorará milhares de animais?


Os dispositivos movidos a energia solar usados pelos animais, que enviam dados para o Projeto Ícaro, pesam cerca de 3 a 4 gramas, com um dispositivo de 1 grama — o peso de um clipe de papel — em desenvolvimento. Além de registrar as coordenadas GPS dos animais, as etiquetas também podem monitorar sua saúde, detectando a temperatura corporal e as condições ambientais, como umidade, pressão atmosférica e aceleração.

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    “Temos monitorado melros e pássaros canoros [marcados] nos últimos 10 a 15 anos e sabemos que eles se reproduzem bem, sobrevivem um pouco melhor — não sabemos o porquê.”

    por Martin Wikelski
    Instituto Max Planck de Comportamento Animal e Explorador da National Geographic.

    É fundamental ter uma etiqueta de monitoramento leve e discreta. Se os animais marcados fossem afetados negativamente pelo peso ou formato da etiqueta, isso poderia enviar informações imprecisas aos cientistas sobre a saúde e os movimentos de uma determinada espécie.

    Temos monitorado melros e pássaros canoros [marcados] nos últimos 10 a 15 anos e sabemos que eles se reproduzem bem”, diz Wikelski. “Os que têm a marca sobrevivem um pouco melhor — não sabemos o porquê. Talvez os predadores não gostem deles.”

    No próximo ano, Wikelski afirma que ele e seus colaboradores planejam marcar e começar a monitorar continuamente entre 5 mil e 10 mil animais, com o objetivo final de marcar 100 mil animais. Wikelski vê potencial que vai muito além do estudo das rotas e épocas das migrações animais.

    Por exemplo, os abutres-das-neves que voam perto dos picos de 8 mil metros do Himalaia poderiam ajudar a monitorar condições climáticas perigosas para os alpinistas do Everest? Cabras pastando nas encostas do vulcão Etna, na Itália, poderiam detectar sinais de uma erupção iminente? Ou o comportamento de diferentes populações de aves ao redor do mundo talvez poderia ajudar os epidemiologistas a rastrear a gripe aviária?

    Todas essas são questões que Wikelski acredita que essa nova e ambiciosa tecnologia pode responder.

    "Acreditamos que as informações serão tão valiosas que as agências governamentais de seguros passarão a depender delas", afirma Wikelski.

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