Carnaval no Rio de Janeiro: as 5 curiosidades sobre o Sambódromo da Marquês de Sapucaí
A Marquês de Sapucaí é o palco do maior Carnaval do mundo: a festa realizada no Rio de Janeiro há mais de 40 anos. Conheça fatos e curiosidades sobre esse símbolo carnavalesco.
O Sambódromo da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1984, é a passarela do maior Carnaval do mundo reunindo anualmente milhares pessoas para assistir aos desfiles das escolas de samba.
O Carnaval é um dos principais eventos culturais anuais do Brasil. É um feriado que mobiliza milhões de pessoas nos quatro cantos do país em busca de festas tradicionais, seja para curtir o frevo e o maracatu em Recife e Olinda, em Pernambuco; a axé music em Salvador, na Bahia; ou pular e dançar nos blocos carnavalescos dos mais variados gêneros musicais em São Paulo, Belo Horizonte e diversas outras cidades.
Porém, a imagem que sintetiza o Carnaval brasileiro é a dos desfiles das escolas de samba (que também acontecem em várias partes do país), sendo que a cidade que sedia os maiores desfiles é o Rio de Janeiro. Por mais diversa que essa celebração seja no país, a “cara” do Carnaval do Brasil no mundo acaba sendo a dos grandes carros alegóricos, e a presença dos mestre-salas e porta-bandeiras, das baterias eletrizantes e das passistas com samba no pé que desfilam em fantasias exuberantes.
O palco dessa enorme festa que atrai turistas de mais de 160 países – segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) do Rio de Janeiro – é o já histórico Sambódromo da Marquês de Sapucaí, uma avenida de cerca de 700 metros que recebe anualmente milhares de pessoas para assistir a um dos maiores espetáculos ao vivo e ao ar livre da atualidade no mundo.
O samba se tornou o principal gênero musical do Carnaval brasileiro no início do século 20, impulsionando o crescimento da festa. Acima, vemos uma passista sambando em um desfile no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
1. Como surgiu a ideia de construir um sambódromo no Rio de Janeiro
Desde a época da colonização, o Carnaval já era celebrado no Brasil com a influência da cultura européia, especialmente por Portugal e também pela Itália – principalmente na então capital do país: o Rio de Janeiro, como conta o artigo “A Origem do Carnaval”, publicado no site da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
No final do século 19, as marchinhas carnavalescas tomavam conta das festas e se tornaram o ritmo oficial. O samba começou a ser associado à festividade apenas na década de 1910, com a música “Pelo Telefone”, lançada em 1916. A partir daí, enquanto a composição de marchinhas foi diminuindo, o samba foi ganhando espaço como o representante musical do carnaval, explica o artigo da universidade.
Já de acordo com o site oficial do Sambódromo, as “paradas carnavalescas” surgiram também nessa época, como festas na rua com as pessoas fantasiadas e, a cada ano, mais grandiosas. Pouco a pouco, as paradas se tornaram desfiles de grupos carnavalescos e começaram a tomar uma forma mais estruturada.
O primeiro desfile oficial do Carnaval carioca aconteceu em 1935, na Praça Onze, no centro do Rio, onde permaneceu por 30 anos, até a transferência dos desfiles para a Avenida Presidente Vargas, que tinha mais espaço para receber os foliões. De 1965 até o início dos anos 1980, os desfiles cresceram muito e os grupos se tornaram grandes agremiações chamadas “escolas de samba”, reunindo muitas pessoas para criar enredo e fantasias temáticas para cada ano.
Só que as ruas do centro da capital fluminense não comportavam mais a enorme festa. A necessidade de armar e desarmar as arquibancadas a cada Carnaval, se tornou insustentável. A festa precisava de um palco próprio, como afirma o site oficial. Então, o governador do estado na época, Leonel Brizola, encomendou ao mais famoso arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer (responsável pelos principais edifícios de Brasília), um projeto de uma grande avenida com arquibancadas fixas para o carnaval: o sambódromo.
Vista panorâmica do Sambódromo do Rio de Janeiro projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer que busca a simetria com arquibancadas de ambos os lados e foi reformado em 2012 para concluir a obra (foto da época).
2. O Sambódromo da Marquês de Sapucaí foi projetado por Oscar Niemeyer
Conforme relata o site oficial do Sambódromo do Rio de Janeiro, inicialmente a ideia era construir a passarela para os desfiles na própria Av. Presidente Vargas, que já era a sede tradicional do Carnaval. Mas o então vice-governador do Rio de Janeiro na época, Darcy Ribeiro, defendeu com sucesso que o local fosse construído no reconhecido berço do samba na cidade, na Avenida Marquês de Sapucaí, perto da Praça Onze. Porém, no local havia também a fábrica de uma famosa marca de cerveja, o que gerou controvérsias.
O renomado arquiteto Oscar Niemeyer já havia trabalhado para Brizola em outros projetos que visavam apoiar seu ambicioso programa de construção de escolas, recreação e habitação. Para consolidar as ideias educacionais e culturais, Niemeyer projetou a nova sede do Carnaval carioca com 115 salas de aula sob as arquibancadas dos setores 4, 5, 6, 7 e 9. Em 1983, Oscar Niemeyer projetou e apresentou como seria a nova avenida dos desfiles, que se chamaria Sambódromo.
A obra de 110 dias contou com cerca de 2,5 mil operários e ficou pronta em março de 1984. Trata-se de um projeto clássico de Niemeyer: moderno, simétrico e usando muito concreto como matéria-prima.
Os desenhos iniciais de Niemeyer mostravam uma estrutura perfeitamente simétrica, com setores espalhados igualmente dos dois lados ao longo da passarela de samba. Além disso, contava com arquibancadas no topo, camarotes ao ar livre no nível do percurso e camarotes de luxo no meio, sendo que esse projeto inicial era para comportar 70 mil pessoas.
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Detalhe de um carro alegórico da escola de samba Beija-Flor, do Grupo Especial do carnaval carioca, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí em 2024.
3. Quem foi o Marquês de Sapucaí – que deu o nome popular ao sambódromo?
O Sambódromo do Rio de Janeiro se chama oficialmente Passarela Professor Darcy Ribeiro, em homenagem ao antropólogo e vice-governador da época da criação do local. Porém, como foi construída na Avenida Marquês de Sapucaí, ele é popularmente conhecido como Sambódromo da Marquês de Sapucaí.
O fato curioso é que esse marquês que nomeia a rua não foi nem de perto alguém ligado à folia. Natural da cidade de Nova Lima, em Minas Gerais, Cândido José de Araújo Vianna (1793 - 1875) viveu no período imperial do Brasil, se formou na Universidade de Coimbra, em Portugal, e foi um político e desembargador durante o governo de Dom Pedro 1º, como explica o site do Senado federal.
Posteriormente, ele foi professor de Literatura e Ciências Positivas de D. Pedro 2º e suas irmãs, bem como anos depois também foi tutor das filhas do Imperador. Se tornou ainda Ministro da Fazenda e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.
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4. O Sambódromo da Marquês de Sapucaí já passou por uma reforma para receber mais público
Em junho de 2011, os camarotes do antigo setor 2 foram derrubados para dar lugar a novas arquibancadas, graças à demolição da antiga fábrica de cerveja. Assim, o Sambódromo pode finalmente seguir a simetria do projeto original de Oscar Niemeyer e aumentar sua capacidade de público.
Um pouco antes do Carnaval de 2012, a obra estava completa e contou com a presença de Niemeyer, então com 104 anos de idade, como convidado de honra, relata o site do local.
Durante as Olimpíadas de 2016, sediadas no Rio de Janeiro, o Sambódromo deu lugar às provas de tiro com arco e presenciou a chegada dos corredores da maratona. O local também já recebeu outros eventos, como grandes shows musicais e exibições de motociclismo.
Já o atual prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes, pretende reformar os arredores do atual Sambódromo e criar o chamado Boulevard do Samba, conforme informa a Agência Brasil.
Acima, um desfile de Carnaval visto desde a arquibancada do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.
5. Como é o Sambódromo da Marquês de Sapucaí hoje
Atualmente, o Sambódromo tem 13 setores, praças de alimentação, sala de imprensa e recebe ao longo do Carnaval mais de 120 mil pessoas que vão assistir aos desfiles das escolas de samba cariocas da série Ouro, do Grupo Especial e das escolas mirins, de acordo com a Riotur – órgão oficial de turismo da cidade.
A grande atração vista por turistas do mundo inteiro é a apresentação das 12 escolas do Grupo Especial que, em 2025, será diferente e pela primeira vez em sua história terá três noites de desfiles: domingo, dia 2 de março, segunda-feira, 3 de março e na terça-feira, 4 de março. O apoteótico desfile das campeãs será no sábado seguinte, dia 8 de março.
Segundo o presidente da Liga das Escolas de Samba cariocas, Gabriel David, “o Carnaval realizado na Marquês de Sapucaí movimentou mais de R$5 bilhões na cidade, em 2024, apenas com o turismo”. Foi por isso que, a partir de 2025 decidiu-se fazer mais um dia de desfiles, de forma a gerar mais renda e empregos diretos e indiretos relacionados ao samba.
