Sistema agrícola tradicional – como os saberes indígenas podem salvar a Amazônia

Ao longo do Rio Negro e seus afluentes, 23 povos indígenas vivem, produzem e se alimentam com base em práticas agrícolas ancestrais que mantêm a floresta em pé. National Geographic lança série de minidocumentários no mês da Amazônia.

Por Luiz Felipe Silva, Fellipe Abreu
Publicado 5 de set. de 2022, 08:54 BRT, Atualizado 19 de set. de 2022, 16:26 BRT
Sistema agrícola tradicional – como os saberes indígenas podem salvar a Amazônia

O rio Negro atravessa a porção norte da Amazônia brasileira, na divisa com Colômbia e Venezuela. Ao longo de seu curso habitam cerca de 80 mil indígenas de 23 povos, caso dos Baniwa, Baré, Desana, Piratapuya, Tariano, Tukano e Tuyuka. Cada etnia identifica-se com o seu território, suas entidades da floresta e suas práticas ancestrais. A soma dos conhecimentos, saberes e rituais dá forma ao que se conhece como sistema agrícola tradicional (SAT). Esse conjunto de símbolos, ritos e técnicas aplicado pelas comunidades que vivem no Alto Rio Negro e seus afluentes é patrimônio cultural brasileiro desde 2010. O SAT integra não só a cosmologia destes povos indígenas, mas é o modo como eles se relacionam com a floresta, como plantam e produzem, e como se alimentam. 

Entre 28 de junho e 15 de julho, o fotojornalista Fellipe Abreu percorreu o Rio Negro, com o apoio do Instituto Socioambiental e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, e acompanhou in loco algumas das principais práticas do sistema agrícola tradicional: os plantios, o manejo da roça com o uso do fogo, as colheitas de diversos ingredientes e os muitos preparos e receitas tradicionais – em especial as que usam a maniva (ou mandioca), um ingrediente central no funcionamento da roça, da família e da comunidade, e base da cultura alimentar dos indígenas do Rio Negro.

Abreu também acompanhou a atuação dos agentes indígenas de manejo ambiental e registrou o alerta dos conhecedores indígenas sobre as consequências das mudanças climáticas para toda a biodiversidade amazônica. Ao todo, foram percorridos cerca de 1 mil quilômetros nos rios Negro, Uaupés e Demini, além de igarapés e igapós, nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, onde foram entrevistadas cerca de 30 pessoas.

Em setembro, o mês da Amazônia, a National Geographic Brasil publicará uma série de três reportagens e três minidocumentários sobre o sistema agrícola tradicional do Rio Negro. A primeira reportagem explicará como funciona as práticas agrícolas ancestrais e seu lugar na cosmologia dos povos indígenas da região. A segunda matéria será dedicada à relação entre o SAT e a economia da floresta, a exemplo do projeto Casa de Frutas e da participação da agricultura indígena no Programa Nacional de Alimentação Escolar. A terceira publicação abordará os impactos das mudanças climáticas no norte da Amazônia brasileira, bem como a relação disso com os conhecimentos da tradição indígena.

Esta série de reportagens e documentários contou com apoio do Instituto Socioambiental e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, pesquisa e roteiro de viagem de Ana Amélia Hamdan, Juliana Radler e Marina Terra e produção local de Ana Amélia Hamdan e Moisés Baniwa.

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