Quais os impactos ambientais da perda da Floresta Amazônica?
Vista panorâmica do Rio Jaú. É um importante afluente do Rio Negro. A região do Jaú tem sido proposta como área de vertebrados
endemismo, devido à presença de várias espécies de aves que não são encontradas em nenhum outro lugar no mundo.
A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e também um dos biomas mais diversos do planeta, está constantemente ameaçada por atividades humanas que degradam seus ambientes naturais. A grandeza da selva amazônica é equivalente a sua importância para o meio ambiente em escala global e a perda da vegetação nativa já traz impactos visíveis e preocupantes.
Quanto da Amazônia se perdeu?
O Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (Maap, na sigla em inglês), desenvolvido pela associação internacional Amazon Conservation Association (ACA), estima que a floresta perdeu 85 milhões de hectares (850 bilhões de km²) desde as primeiras ocupações europeias na América do Sul. Isso equivaleria ao desaparecimento de 13% da cobertura vegetal original.
(Relacionado: Queimadas e desmatamento estão transformando Amazônia em fonte de carbono, diz estudo)
A maior parte do desmatamento da Amazônia acontece na parcela brasileira do bioma (60% da floresta está no Brasil). Só em 2022, foram devastados 10.573 km² em território amazônico brasileiro, a maior destruição desde 2008, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
O que o desmatamento da Amazônia causa?
Com o aumento da perda florestal, a Amazônia pode chegar ao que estudiosos chamam de “ponto de não retorno”, situação em que a floresta se degrada de tal maneira que não alcança mais a capacidade de se regenerar.
Um dos principais fenômenos decorrentes disso, segundo previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), seria o processo de savanização da Amazônia, em que a floresta tropical úmida se transformaria em uma espécie de savana, parecida com o Cerrado brasileiro.
Não há certeza sobre o momento em que a floresta pode chegar a esse ponto – ou se ela vai chegar —, mas consequências da perda de umidade já são observadas.
(Saiba mais: Como atividade humana altera ciclos de chuvas e secas na Amazônia)
Um estudo de 2021 publicado na revista científica Reviews of Geophysics revisou 30 anos de dados do ciclo hidrológico da Bacia Amazônica. A investigação mostra que, no norte da Amazônia, o período seco aumentou e a época de chuvas diminuiu. Já no sul, houve aumento de temperatura, redução da quantidade de chuvas e aumento do período seco.
Os impactos ambientais desse fenômeno incluem o aumento de enchentes (pois, com o aumento do período de estiagem, as chuvas se concentram em menos dias) e maior probabilidade de incêndios florestais.
A alteração no ciclo de chuvas da Amazônia impacta a pluviosidade no restante do continente americano. Por exemplo, a Amazônia é responsável por grande parte da água que chega às demais regiões do Brasil por meio dos chamados rios voadores (cursos d’água atmosféricos que carregam a umidade gerada na floresta e depois viram chuva).
Com isso, o aumento do período seco nos últimos anos em regiões centrais e do sul do país tem ligação direta com as mudanças na Amazônia.
Outro impacto do aumento do desmatamento na Amazônia é a perda de biodiversidade. Em reportagem especial do projeto NetGeo Ilustra, da National Geographic, pesquisadores explicam que a biodiversidade do bioma é essencial para manter em equilíbrio todo o ecossistema que influencia na habitabilidade do restante do mundo.
Sem a diversidade de espécies, a função de regulação do clima realizada pela floresta fica comprometida.
Além disso, quanto mais floresta se perde, mais ela mesma contribui para as mudanças climáticas ao invés de mitigá-las. Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, ligado à rede de organizações Observatório do Clima, o desmatamento é responsável por mais de 40% das emissões brutas brasileiras de gases de efeito estufa, que são os principais causadores da mudança climática e que atinge todos o mundo.