Descubra as maravilhas tranquilas do mundo: parques naturais onde o silêncio reina
Quem busca paz e calmaria em meio ao caos do dia a dia, precisa ver esta lista: de Taiwan à Namíbia, os lugares naturalmente tranquilos nos lembram que o silêncio tem o poder de remediar muita coisa.

O Parque Nacional Glacier, em Montana, pode ser um dos poucos lugares tranquilos (livres de poluição sonora) que ainda restam no mundo. Gordon Hempton, cofundador da Quiet Parks International, explica os critérios para certificar um lugar como “naturalmente silencioso”.
O silêncio pode estar voltando à moda, especialmente para as pessoas que buscam escapar do estresse cotidiano e dos vícios da tecnologia. Basta perguntar ao ecologista acústico Gordon Hempton sobre a importância de encontrar lugares tranquilos espalhados pelo mundo para serem bons destinos de quem busca calmaria e silêncio.
Isso se tornou sua missão como cofundador da Quiet Parks International (QPI), uma organização sem fins lucrativos que reúne os parques mais silenciosos no mundo, ela é dedicada a colocar o silêncio natural ao alcance do maior número possível de pessoas no mundo, certificando e protegendo lugares tranquilos.
Há quatro anos, a QPI certificou o primeiro Urban Quiet Park do mundo justamente em um dos lugares mais densamente povoados do planeta. Ao norte de Taipei, em Taiwan, o Parque Nacional Yangmingshan é uma área de 111 km² conhecida por suas relaxantes fontes termais, terreno montanhoso e aves endêmicas.
“Os Parques Urbanos Silenciosos oferecem beleza natural e tranquilidade interior diariamente, e oferecem isso a um grupo específico de pessoas que precisam desesperadamente de silêncio”, afirma Vikram Chauhan, presidente da QPI.
(Você pode se interessar: DNA antigo, túmulos e naufrágios: 6 descobertas arqueológicas que surpreenderam o mundo em 2025)QPI.

Em 2005, o ecologista acústico Gordon Hempton destacou o Parque Nacional Olympic, em Washington, como o lugar mais silencioso dos Estados Unidos em seu projeto One Square Inch of Silence (Um centímetro quadrado de silêncio).
Em vez de silêncio total, o silêncio natural é definido como os sons da natureza sem ruídos produzidos pelo homem. O objetivo da QPI é certificar cerca de 50 Parques Urbanos Silenciosos em todo o mundo, além de vários Parques Silvestres Silenciosos.
Este ano, a QPI reconheceu a Reserva Natural NambiRand em Windhoek, Namíbia, como o primeiro Parque Silêncio Selvagem da África, destacando o compromisso da reserva de cerca de 200 mil hectares em preservar seu ambiente natural intocado e promover um santuário silencioso para humanos e animais.
A organização está de olho em potenciais parques urbanos tranquilos em cidades como Nova York e Nova Orleans, nos Estados Unidos; Paris, na França, e Brisbane, na Austrália.
Embora não existam mais lugares naturalmente tranquilos na Terra — de acordo com Hempton, o ruído produzido pelo homem, geralmente na forma de transporte (por rodovia, ferrovia, avião e barco), permeia todos os cantos do planeta —, a QPI usa vários padrões de silêncio para certificar seus parques naturais e urbanos tranquilos.
Estudos acústicos regulares são realizados após a certificação de um parque para garantir que ele atenda aos padrões da QPI.
Os sons naturais, é claro, registram um aumento nos decibéis — imagine o barulho das ondas na praia ou um coro de sapos cantando —, mas o objetivo, explica Ulf Bohman, diretor executivo da Urban Quiet Parks, é que o ruído de fundo não seja superior a 45 decibéis. Isso é semelhante ao nível de conversas em uma biblioteca.
(Leia também: Quais são as 7 maravilhas do mundo natural na América do Sul? A lista inclui um lugar único do Brasil)
Onde o silêncio é cura
Os efeitos da poluição sonora nos seres humanos têm sido amplamente estudados e atribuídos a problemas de saúde que vão desde estresse e distúrbios do sono até hipertensão arterial e doenças cardíacas.
Locais com silêncio natural também são importantes para os animais, afirma Jesse Barber, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Boise State University, nos Estados Unidos.
“Sabe-se que o ruído causado pelo homem interfere na capacidade dos animais de ouvir sons importantes, como o canto dos pássaros, e altera fundamentalmente o local onde os animais vivem e sua aptidão reprodutiva”, diz ele.
“Até mesmo os parques nacionais dos estadunidenses sofrem exposição significativa a ruídos em níveis que afetam a vida selvagem”, comenta Barber. Em um estudo sobre redução de ruídos no Monumento Nacional Muir Woods, na Califórnia, onde placas pediam aos visitantes que baixassem o volume em uma área do parque, ele diz que o resultado foi um aumento no número de pássaros perto das trilhas.
Nos Estados Unidos, as áreas com maior potencial para experiências tranquilas são aquelas com menos tráfego aéreo e mais distantes de outros ruídos de transporte, de acordo com Les Blomberg, fundador e diretor executivo da Noise Pollution Clearinghouse, uma organização sem fins lucrativos que mapeou os últimos locais de silêncio natural remanescentes no território continental dos Estados Unidos.
(Conteúdo relacionado: A natureza é um bom remédio para o corpo e a mente. A ciência explica o porquê)
A pesquisa da organização indica que lugares como a Boundary Waters Canoe Area, no norte de Minnesota, e o Bob Marshall Wilderness Complex, no oeste de Montana, estão entre as últimas áreas naturais tranquilas remanescentes do país. Os estados mais ao norte dos EUA geralmente têm mais chances de ter espaços de tranquilidade natural, diz Blomberg.
Hempton destaca o Parque Nacional Haleakalā, em Maui (cuja cratera ele considera o lugar mais silencioso da Terra), o Parque Nacional Glacier e o Parque Nacional Big Bend entre os parques dos Estados Unidos que iniciaram o processo de certificação inicial como Parques Silenciosos Selvagens com a QPI.s with QPI.

Um homem mergulha do penhasco no McDonald Creek, no Parque Nacional Glacier, um dos dois parques dos Estados Unidos que a Quiet Parks International poderia certificar como um Wilderness Quiet Park (Parque Silencioso Selvagem).
Internacionalmente, o Parque Nacional Elk Island, no Canadá, o Parque Nacional Białowieża, no leste da Polônia, e a Reserva Nacional Río Clarillo, no Chile, estão em diferentes estágios do processo, diz ele.
Aprendendo a ouvir
“Depois que você certifica um local como um parque silencioso, isso acaba mudando comportamentos, da mesma forma que as pessoas aprenderam sobre a importância da reciclagem por meio da educação e da conscientização”, diz Kenya Williams, fundadora da Hush Soundscape Planning and Design. Williams, que também é consultora da QPI, acredita que é necessária uma mudança cultural para ajudar as pessoas a valorizar e preservar o silêncio nas áreas urbanas.
Em Taiwan, Laila Chin-Hui Fan, uma das jornalistas ambientais mais proeminentes do país e fundadora da Associação Soundscape de Taiwan, destaca o poder das pessoas para apoiar o esforço. Fan, que conheceu Hempton durante seu projeto One Square Inch of Silence (Um centímetro quadrado de silêncio), foi fundamental para chamar a atenção da QPI para o parque em sua ilha natal, onde ela gravou a paisagem sonora de Yangmingshan em três distritos antes da certificação.
“Temos uma história muito dolorosa e complicada, que nos ensinou muito”, explica Fan. “Nossas vozes não podem ser ouvidas no mundo devido ao dilema diplomático [decorrente da busca de Taiwan pela soberania], então decidimos ser uma ilha de escuta. Espero que mais e mais pessoas no mundo venham ao meu país e ouçam o silêncio natural de Taiwan.”
Para a QPI, a esperança é que, ao certificar alguns locais em cada país, as pessoas que desejam ter acesso à tranquilidade natural possam encontrá-la.
“Não estamos dizendo que a tranquilidade é para todos e que todos devem experimentá-la”, diz Hempton, “mas sinto que a escolha é essencial para a qualidade de vida”.
A escritora Terry Ward, radicada na Flórida, escreve sobre viagens, mergulho, aventuras em família e perfis.