Como os gatos siameses mudam suas cores

Uma mutação genética conhecida como gene Himalaia tornou a pelagem desta raça extremamente sensível à temperatura – também os deixou vulneráveis a certos problemas de saúde.

Por Liz Langley
Publicado 8 de nov. de 2023, 12:00 BRT
O primeiro siamês (na foto, um par de gatos em Newton, Massachusetts) chegou aos Estados Unidos ...

O primeiro siamês (na foto, um par de gatos em Newton, Massachusetts) chegou aos Estados Unidos em 1879 como um presente do Consulado dos Estados Unidos em Bangcoc para Lucy Webb Hayes, esposa do Presidente Rutherford Hayes.

Foto de Willard Culver, Nat Geo Image Collection

Apesar de existirem 73 raças de gatos reconhecidas pela Associação Internacional de Gatos, a maioria de nós, no entanto, consegue distinguir um gato siamês de todos os outros. 

Conhecido por suas “máscaras oculares”, “meias” e cauda escuras – chamadas de "pontos" – as quais se destacam em relação ao corpo de cor creme e aos olhos azuis brilhantes, o siamês é uma das raças de gato mais facilmente reconhecidas do mundo.

Essas características resultam de uma mutação genética conhecida como gene Himalaia, que foi descoberta na raça em 2005. Trata-se de um gene recessivo transmitido por ambos os pais, e que também confere aos felinos uma pelagem sensível à temperatura, capaz de mudar de cor.

No útero, os gatinhos siameses se desenvolvem em temperaturas de cerca de 38°C, considerada a temperatura normal de gestação de um gato. Uma vez nascidos, porém, os filhotes totalmente brancos começam a esfriar nas extremidades, como cauda, pernas, orelhas e rosto. Essas temperaturas mais baixas fazem com que o gene do Himalaia ative a melanina do corpo, um pigmento também encontrado nas pessoas. É por isso que as partes mais quentes do corpo de um gato siamês permanecem claras, enquanto as mais frias ficam mais escuras à medida que amadurecem.

Os gatinhos siameses nascem brancos e desenvolvem cores à medida que envelhecem. A raça vem em uma variedade de cores - o seal point, como na foto, tem uma pelagem clara de cor creme com tons de marrom escuro nas patas, cauda, nariz e orelhas.

Os gatinhos siameses nascem brancos e desenvolvem tons à medida que envelhecem. A raça vem em uma variedade de cores – o seal point, como na foto, tem uma pelagem clara de cor creme com tons de marrom escuro nas patas, cauda, nariz e orelhas.

"Você pode vê-los mudar", diz Betsy Arnold, veterinária que dirige um consultório exclusivo para gatos em Rochester, Nova York, e que começou a criar siameses quando estava na adolescência.

Com cerca de duas semanas de idade, diz a veterinária, os tons escuros começam a se espalhar por seus membros. Com cerca de um mês, surge a cor final, que pode ser uma das diversas variedades, entre elas blue point, lilac point, chocolate point e seal point, que tem uma pelagem clara, de cor creme, com tons marrons escuros nas patas, cauda, nariz e orelhas.

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    Close-up de um gato siamês chocolate point. Uma variação do seal point, o siamês chocolate point tem o mesmo corpo de cor creme com detalhes em marrom claro.

    Foto de De Agostini, Getty Images

    Os gatos siameses lilás têm as cores mais pálidas de sua raça, com orelhas, narizes e caudas cinza-rosados.

    Foto de De Agostini, Getty Images

    Os siameses red point têm pontos de marrom avermelhado ou laranja em seus corpos.

    Foto de De Agostini, Getty Images

    A mutação que influencia toda a vida dos siameses

    A mutação Himalaia ocorre naturalmente em gatos domésticos do sul da Ásia, diz Leslie Lyons, geneticista felino da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e que identificou a mutação pela primeira vez em gatos siameses.

    Com o tempo, à medida que as pessoas criavam seletivamente gatos com a cor pálida marcante e as pontas escuras, elas transmitiam o gene para diferentes raças, como siameses, birmaneses, ragdolls e birmaneses. As raças mistas também podem ser portadoras da mutação genética.

    Os olhos azuis vibrantes desses gatos também se devem ao gene do Himalaia, que influencia o pigmento dos olhos. (Veja fotos antigas de animais de estimação mimados).

    A mutação do Himalaia faz com que a pelagem escureça à medida que o gato envelhece, embora qualquer tipo de trauma ou mudança no pelo possa alterar suas tonalidades.

    Se um gato siamês for submetido a uma cirurgia, por exemplo, uma área de pelo que foi raspada pode voltar a ficar mais escura porque a parte afetada fica mais fria enquanto o pelo volta a crescer. Eventualmente, o pelo pode se tornar mais claro novamente, diz Arnold.

    Na década de 1920, um gato siamês que vivia em Moscou, na Rússia, e que usava uma proteção sobre um dos ombros, que estava raspado, ficou com sua pelagem toda branca – pois esta área foi mantida mais quente que o resto de seu corpo. Mais tarde, o pelo voltou a ficar mais escuro, como conta a Universidade do Alasca (Estados Unidos).

    Babuínos oliva observam um gato siamês igualmente curioso através de uma janela no Rancho Kekopey em Gilgil, Quênia. A raça é muito interativa e brincalhona, além de falante, de acordo com a International Cat Association

    Foto de Timothy W. Ransom, Nat Geo Image Collection

    Preocupações com a saúde

    Muitas outras espécies têm o gene do Himalaia, incluindo os coelhos do Himalaia, diz Lyons. Ratos domésticos, esquilo-da-mongólia (ou gerbos) de pontas coloridas e martas americanas (mamíferos mustelídeos do gênero Martes) também podem ser portadores da mutação. 

    Em 2021, a revista científica Gene relatou um cachorro da raça dachshund com uma mutação diferente no mesmo gene do Himalaia que produziu coloração do tipo siamês, uma ocorrência rara em cães, diz Lyons.

    "Cada espécie tem sua própria mutação no mesmo gene, mas depois foi criada para ter a coloração específica", diz ela. 

    Embora não haja nenhuma vantagem ou desvantagem abrangente para a mutação nesses animais domésticos, diz Lyons, ela "também traz alguns problemas de saúde", inclusive problemas oculares.

    A cantora e atriz americana Eartha Kitt segura seu gato siamês enquanto recebe doações por telefone para a New York Federation of Jewish Philanthropies durante um Teleton em 1960.

    Foto de John Albert, Graphic Arts Photo Service, Archive Photos, Getty Images

    Phyllis Thame passeia com seu siamês durante uma exposição do clube de gatos de 1937 em Bloomsbury, Londres (Inglaterra).

    Foto de Smith Archive, Alamy Stock Photo

    As origens reais do gato siamês são desconhecidas, embora a raça tenha surgido no leste da Ásia. Os siameses tendem a viver mais do que outras raças de gatos, às vezes mais de 20 anos. 

    Foto de Williard Culver, Nat Geo Image Collection

    Os siameses geralmente têm olhos cruzados ou desalinhados, também chamados de estrabismo, o que pode comprometer a visão e a percepção de profundidade.

    Mesmo que os olhos do gato estejam alinhados, o animal ainda pode sofrer de nistagmo, ou olhos trêmulos, uma condição na qual os olhos às vezes se movem levemente de um lado para o outro em movimentos repetitivos e descontrolados que podem causar problemas de visão ou até mesmo de equilíbrio, diz Arnold. Ela acrescenta que não observou essa condição em seu consultório.

    Tanto Lyons quanto Arnold recomendam que os donos de animais de estimação comprem seus siameses de criadores de boa reputação ou os adotem de um abrigo. De onde quer que venham, no entanto, os dois especialistas concordam que esses felinos mascarados roubam o coração de qualquer pessoa.

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