No Dia Mundial do Gorila, descubra a incrível história de uma gorila de 50 anos que ainda amamenta órfãos

Conheça Fredrika, uma gorila de 50 anos que já passou 13 anos de sua expectativa de vida média, mas ainda está criando bebês.

Por Elisse Gabriel
Publicado 23 de set. de 2024, 07:00 BRT

Fredrika, a gorila de 50 anos, é vista na foto segurando um bebê gorila no Cleveland Metroparks Zoo, em Ohio, nos Estados Unidos.

Foto de Tim Long

Dentro do espaço dedicado aos gorilas das planícies ocidentais no Cleveland Metroparks Zoo, em Ohio (Estados Unidos), há sete membros do grupo familiar, incluindo uma fêmea chamada Fredrika. Em nossa visita, vimos ela segurando gentilmente um bebê enquanto um gorila criança montava em suas costas, brincando com uma pilha de feno fresco. 

No Dia Mundial do Gorila, 24 de setembro, descubra a história de Fredrika, uma gorila fêmea conhecida pela equipe do zoológico como “Freddy”completou 50 anos de idade em 5 de junho de 2024, ou seja, 13 anos a mais do que a média de vida de um gorila em cativeiro. 

Ela já é mãe de 12 filhos, avó e bisavó. Ela também é a principal cuidadora de dois gorilas bebês cujas mães os rejeitaram ao nascer, Kayembe e Jameela. 

O que é realmente extraordinário é que Freddy está amamentando-os apesar de sua idade avançada e da falta de parentesco biológico, observa Kristen Lukas, diretora de conservação e ciência do zoológico de Cleveland. 

Freddy pegou Jameela quase instantaneamente para cuidar, exatamente o que ela fez com Kayembe [quando ele era um bebê], só que dessa vez Kayembe estava de costas enquanto ela pegava Jameela pela frente.”

comportamento de Freddy é um exemplo inspirador da adaptabilidade e plasticidade dos primatas, explica Rich Bergl, diretor do Departamento de Conservação, Educação e Ciência do Zoológico da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Ela “nos mostra do que os animais são capazes, que eles não são apenas autômatos que consomem alimentos, dão à luz e morrem”, diz Bergl, que também é um Explorador da National Geographic que estuda os gorilas das planícies ocidentais, uma subespécie de gorila ocidental criticamente ameaçada de extinção, na natureza e em cativeiro.

“Eles são seres muito individualistas, assim como as pessoas, mas têm a capacidade de se ajustar a mudanças inesperadas.”

Como a sua lactação é possível?


Laura Klutts, curadora associada de animais do zoológico de Cleveland, notou pela primeira vez que Kayembe não estava apenas chupando para mamar, mas também estava engolindo leite e mamando de verdadeGotas brancas no peito de Freddy confirmaram que ela estava produzindo leite.

sucção frequente de Kayembe aparentemente estimulou a produção de prolactina, um hormônio responsável pela lactação. Chamado de lactação induzida, esse fenômeno também existe em pessoas, principalmente naquelas que tomam hormônios para tentar amamentar.

A equipe de primatas do zoo estava preocupada com a possibilidade de que a qualidade do leite de Freddy não fosse nutritiva o suficiente para fornecer sustento, então entraram em contato com Michael Power, que estuda a composição do leite animal na Smithsonian Institution em Washington, D.C. Ele concordou em analisar o leite da gorila Freddy.

Freddy”, a gorila do zoológico de Cleveland com um bebê e outro gorila jovem.

Foto de Dan Veloski

No final das contas, o leite dela preencheu todos os requisitos de calorias e nutrientes. “Essa foi a primeira vez, até onde sabemos, que vimos uma fêmea dessa idade amamentando como substituta”, afirma Lukas. 

Power atribui sua capacidade de lactação induzida aos seus anos de experiência como mãe. “Ela já teve vários bebês e sabe o que fazer. Assim como um atleta experiente tem memória muscular, seu cérebro e seu corpo sabem como voltar ao modo de ser mãe. A oxitocina é liberada para nutrir o vínculo e depois a prolactina [para produzir leite].” Ele acrescenta: “Acho que Freddy é uma mãe sempre. Acho que é assim que ela é”. 

Craig Stanford, professor de ciências biológicas da Universidade do Sul da Califórnia, nos estados Unidos, observa que os gorilas não têm uma menopausa pronunciada como os humanos, o que pode explicar a capacidade de Freddy de amamentar em uma idade avançada.

“Embora os seres humanos tenham passado por essa grande mudança evolutiva ao experimentar a menopausa, nenhum de nossos parentes realmente o faz. Os grandes macacos não vivem tanto quanto os humanos, mas seus sistemas reprodutivos envelhecem na mesma proporção que o resto de seus corpos.” 

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Olhar de sabedoria


função de Freddy em seu grupo familiar também destaca a importância dos idosos. “De certa forma, [seu comportamento] é um reflexo de nossa sociedade como um todo, reforçando o valor das mulheres mais velhas em unidades familiares estendidas”, observa Lukas.

“O que alguém como Freddy nos mostra e ensina é que nunca devemos subestimar uma mulher mais velha”, diz ela. De fato, sabedoria é a palavra que Lukas usa mais prontamente para descrever Freddy.

“Com Koko [o gorila que assina], passamos a conhecer e apreciar os gorilas em nossos termos. Com Freddy, passamos a conhecer e apreciar os gorilas em seus termos e aprendemos muito sobre o comportamento dos gorilas com ela.”

Por exemplo, a equipe observou que Freddy carrega os bebês nas costas muito mais cedo do que outras mães gorilas, o que lhe permite movimentar-se livremente e, ao mesmo tempo, dá aos filhotes um lugar seguro para ganhar confiança.

“É nossa missão não apenas garantir que estamos cuidando de forma excelente dos animais aqui no zoológico, mas também conectar suas experiências com o que está acontecendo agora na África”, afirma Lukas, que supervisiona a conservação dos gorilas em zoológicos credenciados pela AZA na América do Norte e na natureza.

“Somos gratos por podermos contar algumas dessas histórias por meio de gorilas como Freddy.” Lukas acrescenta que, embora os visitantes do zoológico geralmente “se concentrem nos bebês porque eles são adoráveis... Eu digo a todos que olhem para a Freddy”.

Seus olhos são alguns dos olhos de gorila mais lindamente expressivos que já vi, e eu conheço muitos gorilas. Sempre que tenho uma chance, olho nos olhos dela. Isso muda você”. 

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