Agosto Dourado: o que acontece no corpo do bebê quando toma o leite materno?

De olho na efeméride que reforça a importância da amamentação, especialistas explicam por que o aleitamento materno é capaz de garantir, sozinho, o pleno desenvolvimento humano.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 3 de ago. de 2023, 14:21 BRT
Uma jovem amamenta sua filha recém-nascida, Freetown, Serra Leoa.

Uma jovem amamenta sua filha recém-nascida, Freetown, Serra Leoa.

Foto de Stéphanie Sinclair

O Agosto Dourado é uma data criada no Brasil para a conscientização da importância do aleitamento materno. Em outros países, a prática é lembrada pela Semana Mundial da Amamentação, que acontece entre 1º e 7 de agosto.

“O leite materno é o alimento mais saudável que existe. Ele tem nutrientes importantes, carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais. O leite é capaz de hidratar, então, até os seis meses de vida. O bebê não precisa receber água, sucos ou chás”, explica a nutricionista clínica e materno infantil Caroline dos Santos, em entrevista à National Geographic Brasil.

Também segundo o Ministério da Saúde do Brasil, o leite materno contém diversos benefícios que são essenciais para o desenvolvimento dos bebês. Ele é de fácil digestão, rico em anticorpos e garante ainda:

  • Crescimento saudável;
  • Proteção contra diarreias, infecções respiratórias e alergias;
  • Diminuição do risco da criança desenvolver diabetes, hipertensão e obesidade:
  • Criação do vínculo, de um contato íntimo entre o bebê e a mãe;
  • Desenvolvimento da face da criança devido ao ato contínuo de sugar o peito;
  • No caso da mãe, a prática de amamentar diminui o risco de desenvolver câncer de mama.

Para reforçar a importância do leite materno na alimentação infantil, National Geographic pediu a especialistas respostas para as principais dúvidas relacionadas ao aleitamento materno. Acompanhe:

Até quantos anos a criança deve ser amamentada pela mãe?

É comum que muitas mães fiquem em dúvida sobre até qual idade a criança deve ser amamentada. O Ministério da Saúde brasileiro orienta que a amamentação aconteça até os dois anos de idade – sendo que, nos seis primeiros meses de vida, o leite materno deve ser o único alimento que a criança recebe. 

“Os primeiros dois anos da criança são bem decisivos no seu desenvolvimento. É como se estivesse construindo a estrutura de uma casa. Tudo o que uma criança recebe nesse período vai refletir em sua vida inteira, prevenindo doenças tanto em curto quanto em longo prazo”, explica Santos.

Quantas vezes por dia a criança precisa ser amamentada?

O volume da amamentação depende da idade da criança, explica o médico pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria.

“A criança pode mamar de duas em duas, três em três ou quatro em quatro horas, o volume varia. O leite deve gerar o ganho de peso adequado e é pelo peso que a gente vai estimar se a criança está sendo amamentada pelo tempo certo ou não”, afirma o profissional.

O que fazer quando não é possível amamentar o bebê?

Em casos nos quais não é possível amamentar a criança (por questões de saúde ou ausência da mãe, por exemplo), a alternativa é adotar a fórmula infantil, geralmente comercializada em formato de leite em pó. Os especialistas, no entanto, fazem a ressalva de que os benefícios são inferiores. 

Como explica Santos, a fórmula infantil é produzida, de forma geral, a partir do leite de vaca modificado de modo a torná-lo o mais próximo possível do leite humano. A criança ficará saciada, mas o produto não trará a mesma proteção que a amamentação materna.

Ejzenbaum ressalta ainda a questão dos oligossacarídeos, componentes importantes para a saúde e para o desenvolvimento do bebê. “Enquanto o leite materno possui mais de 40 oligossacarídeos, o leite artificial traz apenas um ou dois”, explica.

Em caso de dúvidas sobre adotar ou não a fórmula infantil, consulte um médico especialista.

Por que é importante doar para o banco de leite?

Outra questão relevante quando o assunto é amamentação se refere à doação do leite materno, que ajuda crianças impossibilitadas de receber o alimento da própria mãe.

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano (basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação). Os bancos de leite dos hospitais recebem as doações e oferecem a bebês hospitalizados, geralmente os que nasceram prematuros e com baixo peso, informa o Ministério da Saúde.

“Nestes bancos, o leite vai passar por um processo de pasteurização, mantendo o que é importante para as crianças com mães que não são capazes de amamentar porque pararam de produzir, por terem problemas de saúde ou outras situações”, diz Ejzenbaum. 

O profissional esclarece que a doadora precisa se certificar de ter leite suficiente para o próprio filho antes de fazer a doação – ou em casos nos quais esteja produzindo leite que não é utilizado.

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