Alerta ambiental: é assim que o lixo plástico ameaça a fauna

O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano alerta para os perigos da poluição plástica no mundo. Uma das principais preocupações é o impacto do lixo plástico nos ecossistemas marinhos.

Em Kalyan, na Índia, nos arredores de Mumbai, coletores de lixo em busca de plásticos começam sua rotina diária de contornar o lixão.

Foto de Randy Olson
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 5 de jun. de 2023, 11:16 BRT

Mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas a cada ano em todo o mundo, e metade deste plástico é projetado para ser usado apenas uma vez, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Da produção total, menos de 10% é reciclado, e estima-se que entre 19 e 23 milhões de toneladas acabem anualmente em lagos, rios e mares, onde causam danos imensuráveis. 

Segundo Pnuma, a poluição por plásticos é problemática por várias razões. A principal é que plásticos não se biodegradam, ou seja, não se decompõem naturalmente de uma maneira que não seja prejudicial ao meio ambiente. Em vez disso, eles se desintegram ao longo do tempo em pedaços cada vez menores conhecidos como microplásticos e nanopartículas de plástico, que podem ter impactos adversos significativos.

Os microplásticos – pequenas partículas de plástico de até 5 mm de diâmetro – acabam em alimentos, água e ar, afetando a vida de milhares de animais em todos os ecossistemas, desde o topo das montanhas até o fundo do oceano.

No entanto, a principal ameaça do lixo plástico para a fauna pode ser observada nos ecossistemas marinhos

Como o lixo plástico impacta a vida nos mares

Os oceanos produzem pelo menos 50% do oxigênio do planeta, abrigam a maior parte da biodiversidade da Terra e fornecem a principal fonte de proteína para mais de um bilhão de pessoas, informa o Pnuma. Além de ameaçar esses pontos, a poluição plástica representa um perigo existencial para os ecossistemas marinhos. 

Os impactos na vida marinha variam desde danos físicos e químicos a animais individuais até efeitos mais amplos na biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas, afirma o Pnuma. 

Por exemplo, fragmentos de plástico têm sido encontrados no sistema digestivo de muitos animais aquáticos, incluindo todas as espécies de tartarugas marinhas e quase metade das espécies de aves e mamíferos marinhos. Por ano, de acordo com estimativas do escritório da ONU, a poluição plástica leva 100 mil animais marinhos à morte.

Entre os perigos mais visíveis, o Pnuma menciona que as tartarugas marinhas confundem sacolas plásticas flutuantes com águas-vivas, sofrendo lentamente de fome à medida que seus estômagos se enchem de lixo indigesto. O mesmo ocorre com aves marinhas, que bicam o plástico porque ele tem cheiro e aparência de alimento. Segundo o Pnuma, até 90% das aves marinhas estão sendo encontradas com plástico em seu sistema digestivo.

Mamíferos marinhos e outros animais frequentemente se afogam após ficarem presos em plásticos perdidos ou descartados, incluindo embalagens ou equipamentos de pesca. Esse é, segundo o Pnuma, uma das principais causas de morte das baleias-francas-do-atlântico-norte (Eubalaena glacialis), uma das espécies de baleias mais criticamente ameaçadas de extinção no mundo. 

O plástico é um problema global

O Pnuma também aponta que os impactos do lixo plástico não se limitam à região em que ele é descartado, podendo impactar ecossistemas a milhares de quilômetros de onde o lixo chegou ao mar. 

Por exemplo, além das toxinas já presentes nos plásticos, os fragmentos também são capazes de absorver poluentes que escoam da terra para o mar, incluindo resíduos farmacêuticos e industriais. Essa toxicidade acumulada, alerta o Pnuma, pode ser transferida pela cadeia alimentar à medida que as espécies marinhas se alimentam e são consumidas, chegando aos humanos, no todo da cadeia.

Também há uma preocupação crescente com espécies não nativas que se aproveitam do lixo flutuante para viajar pelos oceanos, chegando a mares e solos estrangeiros. Como exemplo, a pasta da ONU menciona espécies invasoras de algas, moluscos e cracas que podem degradar ambientes aquáticos e espécies distantes. 

Os impactos continuam no fundo do oceano. A maioria do lixo plástico no oceano acaba afundando para o leito marinho, diz o Pnuma, formando montanhas de lixo submersas, sufocando recifes de coral e a vida marinha do fundo do mar.

Dia do Meio Ambiente: soluções para a poluição plástica

Neste ano, o 50º Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, terá como tema “soluções para a poluição plástica”. 

A iniciativa global, liderada pela ONU, convoca governos, empresas e outras partes interessadas para enfrentar o problema, escalar e acelerar as ações para resolver esta crise. Caso nada seja feito, o Pnuma estima que, até 2050, existam mais plásticos do que peixe nos oceanos

A data, instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1972, busca chamar a atenção para o “flagelo da poluição plástica que ameaça todas as comunidades ao redor do mundo”, afirma em comunicado oficial do Pnuma Jean-Luc Assi, ministro do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da República de Côte d'Ivoire (Costa do Marfim). O país africano faz o papel de sede das celebrações de 2023. 

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