As bicicletas elétricas são boas para a saúde? Para o meio ambiente já está comprovado que sim

Embora possa parecer estranho a um primeiro momento, as bicicletas elétricas, ou e-bikes, proporcionam mais benefícios à saúde do que algumas pessoas imaginam. Músculos mais fortes, maior longevidade, melhor saúde cardíaca, além de proporcionar a pessoa chegar a um local relativamente livre de suor são um grupo de vantagens já comprovadas.

“Sabemos que a atividade física regular reduz o risco de várias doenças, incluindo doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, e a intensidade da atividade física durante o ciclismo elétrico é suficiente para proporcionar esses efeitos à saúde”, afirma Amund Riiser, coautor da pesquisa de apoio e instrutor de Ciência do Exercício e Gerente do programa de pesquisa da Western Norway University of Applied Sciences, na Noruega.

(Sobre saúde, veja também: Parar de tomar antidepressivos muito rapidamente pode ser perigoso)

Obviamente, é importante como se usa uma bicicleta elétrica, pois há diferentes classes e níveis de assistência que elas dão ao ciclista e saber tudo isso é essencial na hora de escolher a sua bike. As bicicletas elétricas de classe 1 são as mais populares e exigem que o ciclista pedale antes de o motor entrar em ação. Os níveis de assistência ao pedal geralmente variam de um a cinco e também podem ser completamente desligados. 

As bicicletas elétricas de classe 2 funcionam da mesma forma, mas também oferecem um modo de aceleração no guidão para permitir o movimento sem pedalar. No entanto, esse modo geralmente só é ativado pelos ciclistas para fazer com que as bicicletas elétricas pesadas andem ou subam morros ou ruas muito inclinadas, pois pesquisas mostram que os ciclistas eletrônicos são fisicamente ativos em pelo menos 95% de cada passeio.

Independentemente das preferências de marca ou modelo, o uso de bicicletas elétricas está crescendo em ritmo acelerado em todo o mundo. Dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos mostram que, em 2019, 287 mil bicicletas elétricas foram vendidas no país. Já em 2022, esse número subiu para mais de 1 milhão. 

E os Estados Unidos não são nem mesmo o principal mercado de bicicletas elétricas do mundo. Na Europa, países como Alemanha, a França, a Itália, a Áustria e os Países Baixos têm mais usuários de bicicletas elétricas per capita. Na Suíça, uma em cada sete bicicletas vendidas é uma bicicleta elétrica; e em muitos lugares na China, há mais bicicletas elétricas nas ruas do que carros.

“Há fortes evidências de que as bicicletas elétricas continuarão a se tornar uma parte cada vez mais popular e importante do nosso cenário de transporte e recreação”, diz Chris Cherry, professor de Engenharia Civil da Universidade do Tennessee em Knoxville, nos Estados Unidos, e coautor de muitos estudos de apoio.

Isso, sem dúvida, entusiasma os fabricantes de bicicletas elétricas, mas também é uma boa notícia para milhões de ciclistas eletrônicos que colhem os benefícios para a saúde de pedalar regularmente.

Os benefícios físicos para quem usa bicicleta eletrônica

Andar com frequência em uma bicicleta elétrica pode ajudar a reduzir o risco de obesidade e doenças relacionadas, melhorar a frequência cardíaca, aumentar e tonificar e criar a massa muscular e aumentar a capacidade pulmonar ao proporcionar o consumo máximo de oxigênio – conhecido como VO2-max.

“A demanda de oxigênio dos seus músculos aumenta à medida que você pedala”, explica Aslak Fyhri, psicólogo chefe de pesquisa do Institute of Transport Economics em Oslo, Noruega. Para atender a essa demanda, ele explica, o coração bombeia mais sangue, a respiração se intensifica e a capacidade pulmonar aumenta.

As bicicletas elétricas também podem fortalecer os músculos da parte inferior do corpo ao pedalar e os músculos da parte superior do corpo ao segurar o guidão, manter a posição vertical e equilibrar-se. Embora esse crescimento muscular também ocorra ao pedalar, o fato de as bicicletas elétricas serem de duas a três vezes mais pesadas do que as bicicletas tradicionais significa que o crescimento muscular pode ser maior – desde que o ciclista não dependa de altos níveis de assistência elétrica.

Uma meta-análise notável também mostra que o ciclismo eletrônico melhora o condicionamento aeróbico, que é um importante indicador de saúde e longevidade.

Estudos também demonstraram que o ciclismo eletrônico pode ajudar a gerenciar níveis saudáveis de açúcar no sangue, afetar positivamente o IMC e ser “um excelente exercício de baixo impacto que não prejudica as articulações”, diz David Bassett, cinesiologista e professor emérito de fisiologia do exercício da Universidade do Tennessee em Knoxville. Ele diz que o ciclismo de pedalada assistida também demonstrou melhorar a pressão arterial, reduzindo a pressão arterial média.

De fato, os benefícios cardiovasculares e respiratórios dos ciclistas eletrônicos são muito semelhantes aos dos ciclistas tradicionais. Para demonstrar isso, pesquisadores do departamento de saúde pública da Universidade Brigham Young, em Utah, descobriram que, quando compararam as frequências cardíacas dos participantes que andavam de bicicletas elétricas com as frequências cardíacas das pessoas que andavam de bicicletas tradicionais, ambos os grupos se classificaram na “zona de frequência cardíaca de intensidade vigorosa”. 

Outros estudos chegaram a conclusões semelhantes e pesquisas adicionais mostram que o consumo máximo de oxigênio varia entre 51% e 73% para ciclistas de bicicletas elétricas e 58% e 74% para ciclistas tradicionais.

“Há um grande número de pesquisas que sugerem que a bicicleta elétrica pode ser considerada uma atividade de intensidade moderada a vigorosa em uma série de marcadores fisiológicos de condicionamento físico, incluindo gasto de energia, consumo máximo de oxigênio, equivalentes metabólicos e muito mais”, afirma Jessica Bourne, coautora da pesquisa relacionada e pesquisadora de exercícios, nutrição e ciências da saúde da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

As bicicletas elétricas podem até ser superiores às bicicletas tradicionais em pelo menos um aspecto: a pesquisa mostra que os usuários de bicicletas elétricas têm maior probabilidade de usá-las com mais frequência e por distâncias mais longas – até 50% mais longas. “As bicicletas convencionais exigem níveis mais altos de esforço físico para serem usadas, mas, por causa disso, as pessoas acabam usando menos minutos por semana”, diz Cherry.

Benefícios para saúde mental a quem usa bicicleta eletrônica

Além de ser bom para o corpo, vários estudos qualitativos mostram que os usuários de bicicletas elétricas também relatam consistentemente melhorias em sua saúde mental. Esses benefícios incluem redução do estresse, melhora do sono e aumento dos níveis de felicidade. Riiser afirma que a liberação de hormônios do bem-estar, como endorfinas e serotonina, associados a exercícios cardiovasculares como o ciclismo, pode melhorar ainda mais o humor e a qualidade de vida.

Pesquisadores do Reino Unido também demonstraram uma melhora na função cognitiva, mostrando que adultos mais velhos que andam de bicicleta elétrica regularmente têm tempos de processamento mais rápidos e melhor precisão e habilidades de tomada de decisão do que os adultos mais velhos que não andam de bicicleta.

Alguns desses benefícios para a saúde mental foram considerados mais elevados em ciclistas eletrônicos do que em ciclistas tradicionais. “Há uma sensação de liberdade em poder sair ao ar livre sem se sentir limitado pelo terreno ou pela distância”, diz Bourne.

Um trajeto sem preocupações e ecologicamente correto

Isso também torna as bicicletas elétricas mais atraentes para quem quer usá-las como meio de transporte. “Andar de bicicleta elétrica tem mais vantagem que andar de bicicleta comum como meio de transporte. Afinal, para andar em subidas o esforço árduo pode tirar a diversão do ciclismo para a maioria das pessoas. Com a elétrica não há esse problema”, diz Cherry.

E como as bicicletas elétricas suportam muito mais peso do que a maioria das bicicletas convencionais, elas possibilitam levar e trazer as crianças do jardim de infância ou levar as compras da loja para casa.

Tudo isso também é uma boa notícia também para o meio ambiente. Um estudo da Universidade de Oxford descobriu que trocar um carro por uma bicicleta apenas uma vez por dia reduz as emissões de transporte de uma pessoa em 67%.

(Você também pode se interessar: O que é uma Cidade-esponja e como ela funciona para evitar enchentes?)

“As bicicletas elétricas devem ser uma parte importante do plano de transporte de um país”, diz Bassett. “Elas permitem que as pessoas se desloquem de um lugar para outro usando apenas uma pequena fração da energia de um carro motorizado e com uma pegada de carbono minúscula.”

As barreiras e limitações existentes no uso das bicicletas elétricas

Mas nem tudo são boas notícias. Fyhri diz que as bicicletas elétricas são roubadas com mais frequência do que as bicicletas convencionais. Por outro lado, Bassett diz que o fato de serem muito mais pesadas pode dificultar o transporte por lances de escada em apartamentos e o carregamento no bicicletário de um veículo.

Elas também podem ser bastante caras, com as bicicletas eletrônicas de nível básico custando a partir de 1 mil dólares. “Quanto mais leve você quiser ir e com maior alcance, mais você terá que pagar”, comenta Bourne.

Há também algumas limitações de infraestrutura a serem consideradas, dependendo de onde você mora. “Os Estados Unidos, Brasil e o Canadá estão muito atrás de muitos países europeus em termos de infraestrutura para bicicletas, o que significa que a popularidade das bicicletas elétricas está sendo prejudicada pela falta de rotas seguras para pedalar”, diz Bassett.

Como começar a usar as bicicletas elétricas?

Para os interessados em andar de bicicleta elétrica, Fyhri recomenda gastar tempo comprando uma marca confiável e conversando com ciclistas eletrônicos experientes sobre quais opções valem a pena pagar ou deixar de lado.

Também é recomendável começar devagar, pois o peso extra de uma bicicleta elétrica pode fazer com que seja mais difícil se acostumar com a frenagem e com a marcha. “Acho que as bicicletas elétricas são relativamente fáceis de usar em termos de marchas e mudança de níveis de assistência, mas é sempre recomendável ter uma aula com um instrutor treinado”, diz Bourne.

E se você quiser colher os frutos físicos do ciclismo eletrônico, Fyrhi recomenda manter o nível de assistência eletrônica da bicicleta baixo, “e sempre evitar pedalar no nível máximo de ajuda que ela te possibilita”.

“Minha melhor dica para obter o máximo de benefícios para a saúde com sua bicicleta elétrica é usá-la com a maior frequência possível”, sugere Riiser. “Ao se deslocar com uma bicicleta elétrica em vez de um carro, você pode melhorar sua própria saúde por meio do aumento da atividade física, a saúde do seu vizinho ao reduzir a poluição do ar local e a saúde do planeta ao reduzir as emissões de carbono.”