Como nosso cérebro funciona enquanto dormimos
O cérebro continua extremamente ativo durante o sono. Cada estrutura cerebral tem uma função que nos permite dormir, manter o corpo em repouso e até sonhar.

Passageiro descansa em um voo de Paris para Tel Aviv. Estudos apontam que o sono é importante para várias funções cerebrais.
O sono é uma parte importante da rotina diária de cada pessoa, tanto que um ser humano passa, em média, um terço da vida dormindo. Segundo a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), dormir é tão essencial para a sobrevivência quanto comida e água.
Sem sono, uma pessoa não consegue formar ou manter as conexões no cérebro, as quais permitem aprender e criar novas memórias, e também é mais difícil se concentrar e responder rapidamente.
O sono é importante para várias funções cerebrais, incluindo a maneira como os neurônios (as células nervosas) se comunicam entre si. Um artigo disponível na NIH intitulado “Noções básicas do cérebro: compreendendo o sono” esclarece mais sobre o tema e diz que o cérebro permanece surpreendentemente ativo enquanto a pessoa dorme, ainda que o corpo esteja em repouso.
Quais estruturas do cérebro ficam ativas quando estamos dormindo?
De acordo com a NIH, várias estruturas dentro do cérebro estão envolvidas no sono, desempenhando funções importantes para a remoção de toxinas que se acumulam enquanto se está acordado. E são seis as partes do cérebro especialmente envolvidas com o sono.
A primeira é o hipotálamo, uma estrutura do tamanho de uma amêndoa localizada profundamente dentro do cérebro. De acordo com o artigo da NIH, dentro do hipotálamo está o núcleo supraquiasmático, aglomerados de milhares de células que recebem informações sobre a exposição à luz diretamente dos olhos e controlam o seu ritmo comportamental, afetando o estado de sono e de vigília. É essa parte do cérebro que diz ao nosso corpo, pela quantidade de luz, se é hora de repousar ou de estar alerta.
O tronco cerebral é a segunda parte importante no processo de dormir. Ele está localizado na base do cérebro e se comunica com o hipotálamo para controlar as transições entre o estado de vigília e o sono.
Células que promovem o sono dentro dessas duas estruturas produzem uma substância química cerebral chamada ácido gama-aminobutírico, principal neurotransmissor inibitório no cérebro, reduzindo a atividade dos centros de vigília, explica o documento.
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Em conjunto a essas estruturas, a glândula pineal, que fica localizada entre os dois hemisférios do cérebro, recebe sinais do núcleo supraquiasmático e aumenta a produção do hormônio melatonina, que ajuda a induzir o sono quando as luzes se apagam.
O que acontece nos diferentes estágios do sono
Essas estruturas atuam principalmente durante os estágios de sono não-REM, que é a transição entre a vigília e o sono. Durante esse período, que tem três fases diferentes, de acordo com a NIH, o batimento cardíaco, respiração e movimentos oculares diminuem, e os músculos relaxam com contrações ocasionais.
Na segunda fase do sono não-REM, as ondas cerebrais começam a desacelerar, a temperatura corporal diminui e os movimentos oculares param. Já na terceira fase, que é o período de sono profundo necessário para se sentir renovado pela manhã, o batimento cardíaco e a respiração diminuem para os níveis mais baixos durante todo o sono, os músculos ficam totalmente relaxados e pode ser mais difícil ser acordado.
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A fase final do ciclo do sono, que se repete várias vezes durante o repouso, é chamada de sono REM. Segundo a NIH, ela acontece cerca de 90 minutos após adormecer e é quando os olhos se movem rapidamente de um lado para o outro atrás das pálpebras fechadas. Daí vem o nome do estado: REM é a sigla em inglês para movimento rápido dos olhos.
Nessa fase, a atividade das ondas cerebrais se aproxima daquela observada durante a vigília, a respiração se torna mais rápida e irregular, e a frequência cardíaca e pressão arterial aumentam, quase alcançando os níveis de quando se está acordado. A maior parte dos sonhos ocorre durante o sono REM.
Como o cérebro funciona durante o sono REM?
O tronco cerebral, segundo a NIH, também desempenha um papel especial durante o sono REM. Ele envia sinais para relaxar os músculos essenciais para a postura corporal e os membros, a fim de que não haja movimentos bruscos durante os sonhos.
Também durante o sono REM, uma área do cérebro chamada tálamo fica ativa. Essa estrutura, segundo explica o NIH, atua como um regulador da corrente elétrica, controlando as informações recebidas pelos sentidos até que elas cheguem ao córtex cerebral, que processa e interpreta essas informações.
Na maioria dos estágios do sono, o tálamo fica silencioso, permitindo que a pessoa se desconecte do mundo externo. Mas, no sono REM, ele envia ao córtex imagens, sons e outras sensações que preenchem os sonhos.
Nessa etapa do sono, a amígdala, uma estrutura em forma de amêndoa envolvida no processamento das emoções, torna-se cada vez mais ativa, informando ao cérebro que sentimentos estão sendo gerados pelos sonhos.
Ainda que o cérebro seja o personagem principal durante o sono, a NIH diz que dormir afeta quase todos os tipos de tecido e sistemas do corpo, como o coração e pulmões até o metabolismo, função imunológica, humor e resistência a doenças. Por ser um processo complexo e dinâmico, entender como o cérebro atua é apenas uma parte do que é preciso para compreender completamente o sono.
