“Independência ou morte”: quais causas levaram o Brasil a se tornar independente no 7 de setembro?

A Independência do Brasil diante de Portugal foi um processo complexo e que teve influência internacional.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 6 de set. de 2023, 18:00 BRT

Foto do famoso quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo, feito em óleo sobre tela em 1888. A obra está exposta no Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, e é o principal registro da Independência do Brasil.

Arte de Pedro Américo

Há 201 anos, em 7 de setembro de 1822, era proclamada a independência do Brasil em relação a Portugal, fazendo com que a data entrasse para a história do país.

O evento foi marcado por uma construção heroica em cima da imagem de Dom Pedro 1º e muitos mitos sobre esse momento acabaram desvendados pela historiografia com o passar do tempo. 

O famoso quadro “Independência ou Morte”, produzido pelo artista Pedro Américo em 1888 (66 anos após a Independência), por exemplo, tem mais ficção do que realidade, conforme revelado em reportagem especial da National Geographic Brasil de setembro de 2022. 

Para compreender o que foi a Independência do Brasil, é necessário saber as principais causas que levaram a esse acontecimento histórico. Elencamos as principais delas.

Principais causas da Independência: mudanças com a chegada da família real portuguesa ao Brasil

A Independência do Brasil ocorreu por vários fatores distribuídos pelo tempo, isto é, não foi resultado apenas de um evento em 1822. Um fato relevante dentro desta linha do tempo foi a vinda do rei Dom João 6º e a família real portuguesa, em 1808, ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica na Europa.

 “A partir de 1808, as relações coloniais transformaram-se profundamente, ampliando as mudanças que já vinham acontecendo desde 1750. O fato de o Rio de Janeiro concentrar a sede da monarquia transferiu para a cidade as principais rotas mercantis, modificando a circulação de pessoas e dinheiro. A América tornou-se a parte principal dos domínios portugueses”, explica Cecília Helena Lorenzini de Salles Oliveira, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professora titular no Museu Paulista.

Em 1815, o Brasil foi promovido ao status de Reino Unido a Portugal e Algarves. A alteração não gerou grandes grandes mudanças administrativas, mas criou uma situação em que o Brasil deixou de ser colônia e tornou-se um reino, explica Oliveira.

 A essa altura, os maiores investimentos da Coroa portuguesa eram feitos no território brasileiro. “Isso agravou uma situação de incompatibilidade e deixou muito claro que os interesses dos negociantes e proprietários em Portugal eram diferentes do que estava acontecendo no Brasil”, afirma a especialista.

Disputas internas e a Revolução do Porto ajudaram a levar à Independência do Brasil

Quadros expostos no Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Estão representados nas telas José Bonifácio e Dom Pedro 1º, respectivamente, personagens-chave da Independência do Brasil.

Foto de Rovena Rosa Agência Brasil

A historiadora acrescenta que, internamente, dentro das estruturas da monarquia, também havia discrepâncias entre as diferentes capitanias. 

“As capitanias do Norte tinham um vínculo muito mais forte com Portugal do que com o Rio de Janeiro. O Nordeste também sofria: a Bahia, por exemplo. queria uma ascensão econômica e política. Eles não aceitavam muito o governo no Rio de Janeiro. A atuação desses grupos com interesses divergentes gerou um confronto entre quem estava no Rio, no Nordeste e, principalmente, em Portugal”, explica Cecília Helena.

Nesse contexto, em 1820, ocorreu a Revolução Liberal do Porto, movimento que exigiu o retorno de Dom João 6º a Portugal. Este, por sua vez, manteve Dom Pedro 1º, seu filho, no Brasil, mas voltou às terras portuguesas. 

A Revolução do Porto deu fim também ao regime absolutista português, fazendo com que o rei perdesse o seu poder de antes. Obviamente, tudo isso teve reflexo no processo de Independência do Brasil.

“O que estava em jogo nesse momento não era apenas a separação de Portugal. Eu diria que ela foi uma decorrência de um outro movimento: a construção de um governo constitucional e representativo no Brasil que corria muito ao lado das propostas da Revolução de 1820 em Portugal. Para que esse governo constitucional funcionasse aqui, era preciso criar condições nas quais as várias regiões da antiga América portuguesa se articulassem e criassem vínculos políticos, de convivência e  solidariedade”, diz Oliveira.

A independência de outros países também influenciou o Brasil

Segundo Oliveira, existe, ainda, uma forte conexão entre o que ocorreu no Brasil com os processos de independência dos Estados Unidos e da América espanhola. 

“Ao contrário do que muita gente imagina, a Independência do Brasil faz parte de um quadro mais amplo de movimentos independentistas que aconteceram na América entre o final do século 18 e o começo do século 19.”

Ou seja, o Brasil viu muitos de seus vizinhos (como a Argentina, por exemplo) se separarem de suas metrópoles e estava inserido no mesmo cenário de transformações globais que envolviam as relações mercantis, a Revolução Industrial e a construção do mundo capitalista.

Todos esses fatores, somados a outros, contribuíram para que, no dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro 1º declarasse a Independência e iniciasse uma nova fase na história do Brasil. 

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