Nikita Khrushchev: quem foi o líder envolvido em um dos momentos mais tensos da Guerra Fria
Em 1962, o mundo esteve à beira de um conflito nuclear envolvendo a União Soviética, liderada por Khrushchev, e os Estados Unidos.

Soldado do Exército Vermelho guarda o Kremlin segurando um fuzil de assalto AK-47 Kalashnikov, Moscou, URSS (1991).
No período da Guerra Fria, não foram poucas as personalidades históricas que se destacaram em um contexto de mundo polarizado entre os blocos capitalista e comunista. A lista vai de presidentes dos Estados Unidos a líderes da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Entre eles, está Nikita Khrushchev, que foi primeiro-ministro da URSS entre 1958 e 1964 e buscou uma “coexistência pacífica” com o Ocidente, afirma a Encyclopædia Britannica, plataforma de dados online voltada para educação e pesquisa.
A história de Khrushchev – também redigido como Kruschev ou Khrushchov – com a política começa muito antes do seu período como primeiro-ministro.
O passado de Nikita Khrushchev antes de se tornar primeiro-ministro
Nascido em 1894 e filho de um trabalhador de mina de carvão, Khrushchev começou trabalhando como montador de tubos aos 15 anos em Yuzovka (atual cidade de Donetsk, na Ucrânia), informa a Britannica.
Antes mesmo da Revolução Russa de 1917 (que derrubou a monarquia), ele já era ativo em organizações de trabalhadores, explica a enciclopédia. Em 1918, tornou-se membro do Partido Comunista Russo.
Khrushchev entrou para o Exército Vermelho (como era chamado o braço armado criado pelo governo na época) em 1919 e, três anos depois, foi admitido em uma escola de Yuzovka para trabalhadores soviéticos. Lá, destacou-se como líder estudantil e foi ganhando espaço no Partido Comunista.
Khrushchev torna-se primeiro-ministro da URSS
Em uma ascensão cada vez maior, Khrushchev conquistou diferentes cargos dentro do partido e também na estrutura do estado soviético.
Em março de 1958, cinco anos após a morte do ex-líder Josef Stalin, Khrushchev tornou-se primeiro-ministro da URSS em plena Guerra Fria.
Nas relações exteriores, defendeu uma convivência pacífica com o mundo não-comunista e chegou a dizer que a "a guerra não é inevitável", afirma a Britannica.
Apesar do discurso, o período de Khrushchev à frente da União Soviética foi marcado por aquele que é considerado o momento mais tenso da Guerra Fria: a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.
O que foi a Crise dos Mísseis de Cuba
Khrushchev havia prometido anteriormente fazer a defesa militar de Cuba e iniciou o envio de mísseis balísticos para o país caribenho, visto como aliado da União Soviética. De acordo com a Britannica, esse armamento, se lançado do território cubano, poderia atingir o leste dos Estados Unidos em poucos minutos.
O então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, avaliou inicialmente a ideia de uma invasão ou ataque aéreo a Cuba. Em 22 de outubro de 1962, o governo norte-americano anunciou um bloqueio naval no país com o objetivo de impedir a entrega de material bélico por parte dos soviéticos.
As duas superpotências ficaram à beira de uma guerra nuclear, e Khrushchev e Kennedy entraram em negociação para solucionar o impasse, explica a Britannica.
O líder soviético acabou recuando e informou ao presidente norte-americano, em 28 de outubro, que o envio de mísseis para Cuba seria interrompido – e as armas já enviadas retornariam à União Soviética.
Em contrapartida, Kennedy se comprometeu a não invadir o país caribenho e disse que iria retirar as armas nucleares que os Estados Unidos haviam colocado na Turquia nos anos anteriores.
A Crise dos Mísseis de Cuba e a queda de Khrushchev
A Britannica menciona que o recuo de Khrushchev na Crise dos Mísseis de Cuba influenciou na queda do seu governo, mas não foi o único fator.
O líder também teve sua popularidade e influência entrando em declínio devido a conflitos internos, problemas na produção agrícola da União Soviética e desentendimentos com a vizinha China.
Em outubro de 1964, Khrushchev viu-se pressionado a deixar o poder e teve sua renúncia aceita pelo partido por motivos oficiais de “idade e problemas de saúde”, segundo a Britannica.
Sucedido por Leonid Brezhnev, Khrushchev levou uma vida fora dos holofotes até a sua morte, em 1971, aos 77 anos, sendo enterrado em uma cerimônia discreta em Moscou, Rússia.
