
Mês das Mulheres: quem são as 5 primeiras mulheres que se tornaram chefes de Estado
Vigdis Finnbogadottir, que foi a presidente da Islândia, discursando na abertura da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher em Pequim, China, em setembro de 1995.
A presença das mulheres na política ainda nos dias atuais é baixa em todo mundo, afirma a ONU Mulheres, uma organização das Nações Unidas dedicada a promover a igualdade de gênero e o empoderamento. Apesar do progresso alcançado, as mulheres continuam em grande parte excluídas das posições de poder e “os níveis mais altos de influência e tomada de decisões ainda são predominantemente ocupados por homens”.
Dados de 2024 do órgão internacional revelam que em 113 países do mundo nunca houve uma mulher na chefia de estado ou de governo. E, em 2016, apenas 44 dos 196 países do mundo já haviam tido uma mulher como chefe de estado, acrescenta a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido).
Mas algumas mulheres furaram essa “bolha” na política mundial ao longo da História. Quem foram as primeiras mulheres a ocupar esses cargos de poder? Neste dia 8 de março, celebramos o Dia Internacional das Mulheres – data ideal para saber mais sobre as primeiras mulheres chefes de estado do mundo.
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Khertek Anchimaa-Toka
Khertek Anchimaa-Toka (1912-2008) foi a primeira mulher chefe de estado do mundo. De acordo com a Britannica, ela foi chefe do parlamento da República Popular de Tannu Tuva, um estado dentro de um protetorado imperial russo, entre 1940 e 1944.
Khertek estudou política em Moscou, na Rússia, o que lhe rendeu vários cargos de liderança no Partido Revolucionário do Povo Tuvano quando voltou para casa, afirma a plataforma de conhecimento.
Ainda de acordo com a enciclopédia inglesa, “como funcionária pública, ela concentrou seus esforços na melhoria e na educação das mulheres em seu país. Depois de eleita presidente, Khertek Anchimaa levou Tannu-Tuba para a Segunda Guerra Mundial em 1941, ao lado das potências aliadas, auxiliando enormemente as forças soviéticas”.
Ela serviu como chefe de estado de Tannu Tuva até a adesão do país à União Soviética em 1944, mas depois assumiu o cargo de vice-presidente do Comitê Executivo Tuvá até 1961.

María Estela Martínez de Perón, mais conhecida como Isabel Perón, era vice-presidente e assumiu a presidência da Argentina em 1974 após a morte de Juan Domingo Perón, seu marido e presidente eleito na época.
María Estela Martínez de Perón
A primeira mulher chefe de Estado da Argentina e da América do Sul foi também a primeira mulher a ser uma presidente do mundo. Ela foi María Estela Martínez de Perón (1931), mais conhecida como Isabelita Perón.
Em 1973 assumiu o cargo de vice-presidente, na chapa de Juan Domingo Perón (seu marido) – eleito como presidente. Porém, após a morte do líder político em 1974, Isabelita sucedeu seu marido como presidente da Argentina.
Ela ocupou esse cargo até 1976, quando foi pressionada a renunciar ao cargo após acusações de corrupção. Ela se recusou a renunciar, o que resultou em um golpe militar que a deixou detida por cinco anos até seu eventual exílio na Espanha, detalha a Encyclopaedia Britannica.
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A então presidente da Islândia, Vigdis Finnbogadottir, passa em revista a guarda de honra no aeroporto de Roterdã (no Países Baixos) ao lado da ex-rainha Beatriz da Holanda dos Domínios dos Países Baixos (à esquerda).
Vigdís Finnbogadóttir
Durante as eleições de 1980 para Presidência na Islândia, Vigdís Finnbogadóttir (1930) ficou em primeiro lugar depois de concorrer nas urnas contra três candidatos homens. Ao fazer isso, observa um artigo do site da rede britânica BBC, ela se tornou não apenas a primeira mulher a ocupar esse cargo em seu país, mas também a primeira mulher do planeta a ser eleita democraticamente presidente de um país.
Ela venceu as eleições novamente em 1984, em 1988 e em 1992, sem oposição em duas das três ocasiões. Ao fazer isso, ela serviu por exatamente 16 anos, o que fez com que a Islândia se tornasse conhecida como “o país mais feminista do mundo”, observa a BBC.
“Como presidente, Finnbogadóttir enfatizou a importância de preservar e celebrar a identidade e o patrimônio cultural da Islândia por meio do idioma e dos costumes. Após sua presidência, ela fundou o Conselho de Mulheres Líderes Mundiais em 1996 e recebeu vários prêmios por seu trabalho humanitário e sua promoção de valores culturais”, conta a Britannica.
Em 1998, ela foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da Unesco em reconhecimento à sua contribuição para a promoção da diversidade linguística e da educação multilíngue.
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Corazón Aquino
A primeira mulher presidente na Ásia foi Maria Corazon Cojuangco Aquino (1933-2009), que atuou como a primeira mulher presidente das Filipinas de 1986 a 1992, de acordo com a Britannica.
Conforme explica a fonte, Aquino restabeleceu o regime democrático nas Filipinas e pressionou por uma nova constituição no país, que foi adotada em 1987. “Como presidente, ela se concentrou em tentativas de estabilizar a economia e fazer valer as liberdades civis e os direitos humanos”, diz a plataforma de conhecimento.


Retrato de Corazón Aquino, que foi a presidente das Filipinas de 1986 a 1992.
Na foto vemos Ellen Johnson Sirleaf - a presidente da Libéria de 2006 a 2018 e que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2011.
Ellen Johnson Sirleaf
Ellen Johnson Sirleaf (1938) foi presidente da Libéria de 2006 a 2018 e a primeira mulher eleita democraticamente como chefe de Estado na África. Ela se formou como economista e trabalhou no Banco Mundial e no Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas para a África, entre outras agências.
De acordo com um artigo no site do Banco Mundial, Sirleaf liderou um governo que conseguiu eliminar a dívida externa da Libéria, estabelecer o direito à educação primária gratuita e universal e garantir uma transição pacífica e democrática do poder após o término de seu mandato.
Um dos destaques de sua biografia é sua defesa dos direitos das mulheres. Em 2011, ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, “por sua luta não violenta pela segurança das mulheres e pelo direito das mulheres de participar plenamente do trabalho de construção da paz”.
