Mês do Orgulho: os 7 museus que homenageiam a história LGBTQIAP+
Dos Estados Unidos à Alemanha, conheça as instituições que se dedicam a preservar e celebrar a história, a arte e a cultura queer durante todo o ano.

O australiano Qtopia Sydney, que já foi a Delegacia de Polícia de Darlinghurst, é um museu e centro cultural sobre a história e a cultura queer. Ele apresenta 18 exposições, abrangendo cinco temas principais: HIV/AIDS, direitos humanos, sexualidade e identidade, representação na mídia e histórias das Primeiras Nações.
Às vésperas de uma das maiores Paradas Gays do mundo, realizada em São Paulo, conheça alguns dos museus e espaços culturais espalhados pelo mundo que exaltam a importância e a história LGBTQIA+.
Os viajantes curiosos buscam entender culturas diferentes, seja no seu próprio país ou no exterior. E podem sanar sua curiosidade visitando marcos históricos e museus. O mesmo pode ser feito ao expandir o conhecimento sobre a comunidade LGBTQIAP+ e sua história – e não apenas durante o mês do Orgulho em junho.
Esses locais são abertos ao público durante todo o ano e coletam, preservam e compartilham histórias LGBTQIAP+ não contadas para a comunidade local e para a sociedade em geral.
Visitar pontos de interesse da comunidade queer quando você viaja pode ajudar a criar uma compreensão mais profunda de um destino e dessa comunidade.
"Por muito tempo, a história LGBTQIAP+ foi oral e oculta. Museus dedicados preservam a verdade, desafiam os conceitos errôneos e afirmam o direito fundamental de existir", diz George Savoulis, diretor da Qtopia Sydney, na Austrália.
Compilamos uma lista dos sete melhores lugares do mundo, incluindo museus LGBTQIAP+, que os amantes da história devem considerar visitar no Mês do Orgulho e em qualquer época do ano.
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1. Leslie-Lohman Museum of Art, em Nova York, nos Estados Unidos
Localizado no bairro SoHo, em Nova York, esse museu de artes visuais coleta, preserva e exibe o trabalho de artistas LGBTQIAP+, incluindo peças que analisam temas, questões e pessoas da comunidade. Os fundadores Charles Leslie e Fritz Lohman criaram o conceito do museu depois de realizar uma exposição de artistas gays em seu loft no SoHo.
Hoje, a coleção permanente do Leslie-Lohman Museum of Art inclui a colagem de mídia mista de Llanor Alleyne “Another Poem (For Colin Robinson)” e a foto de Ann P. Meredith, tirada durante um grupo de apoio da fundação para mulheres com Aids em 1987. As famílias que visitam o museu com crianças devem estar cientes de que algumas obras de arte em exposição apresentam nudez.
O museu também abriga exposições temporárias de artistas, como “Resisterhood”, de Young Joon Kwak, uma celebração da forma do corpo humano e suas imperfeições durante a juventude, o envelhecimento, a gestação ou a transformação de gênero.
Aulas de desenho de figuras queer para e por corpos trans e contação de histórias que celebram as contribuições LGBTQIAP+ latinas para as artes são apenas alguns exemplos de programas e atividades divertidos oferecidos aos visitantes.
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2. Queer Britain, em Londres, Inglaterra
Localizado no distrito de King's Cross, em Londres, o Queer Britain é o primeiro museu LGBTQIAP+ do Reino Unido. Em 2018, Joseph Galliano-Doig e Iain Mehrtens realizaram instalações e exposições de arte temporárias pela cidade, que acabaram se tornando neste museu único em 2022.
O Queer Britain tem quatro galerias que celebram as pessoas queer, mas também servem como um lugar onde os visitantes podem mergulhar em histórias e ideias LGBTQIAP+. Instalações de arte e exposições anteriores incluíram uma grande bandeira do Orgulho encomendada por um streaming para comemorar uma série, uma mostra da comunidade sobre homens migrantes gays e uma exposição do álbum The Age of Consent (1984) de Jimmy Somerville.
A mais nova adição ao museu, “20 Years of UK Black Pride” , acompanha a história do Orgulho Negro do Reino Unido, desde sua primeira reunião em Southend-on-Sea até o momento em que se tornou a maior celebração gratuita do Orgulho LGBTQ+ para negros. Essa exposição vai até 31 de agosto de 2025.
“Museus queer preservam a verdade, desafiam os conceitos errôneos e afirmam o direito fundamental de existir”
3. Qtopia Sydney, na Austrália
Em 2024, o Qtopia Sydney abriu suas portas ao público, tornando-se o maior museu LGBTQIAP+ do mundo. O museu foi a visão do falecido professor David Cooper, que esperava criar um espaço para homenagear os australianos afetados pela epidemia de HIV/Aids.
Cooper compartilhou esse sonho com David Polson, um dos primeiros homens diagnosticados com HIV/Aids na Austrália. Tornando o sonho de Cooper uma realidade, Polson fundou o museu Qtopia Sydney.
A história não para por aí, o museu LGBTQIAP+ está instalado na antiga Darlington Police Station de Sydney, justamente onde muitos ativistas gays foram detidos após o primeiro protesto gay da cidade em 1978. A comunidade LGBTQiAP+ recuperou o prédio destruído, transformando as celas da prisão em exposições.
“Esse edifício é um ato profundo de justiça espacial, transformando um local de opressão e abuso em um local de celebração e educação”, afirma George Savoulis, diretor da Qtopia Sydney, na Austrália. A primeira cela da antiga delegacia de polícia concentra-se em mostrar a brutalidade policial em relação à comunidade queer.
Quando os visitantes entram no museu, eles se deparam com uma exposição instigante e reveladora dedicada à epidemia de HIV/Aids (especialmente entre 1981 ao final da década de 1990). Exposições temporárias anteriores incluíram uma homenagem à amada drag queen Joyce Maynge, mídia queer como Lesbians on the Loose e “Bedazzled”, uma exibição criativa de trajes usados no Mardi Gras (a celebração anual do Orgulho em Sydney).
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4. Stonewall National Museum, em Fort Lauderdale, na Flórida, Estados Unidos
Localizado próximo ao Holiday Park de Fort Lauderdale, o Stonewall National Museum, Archives, and Library preserva a história LGBTQIAP+ há mais de cinco décadas. Mark N. Silber fundou o museu, que afirma ter a maior coleção da comunidade do mundo.
A coleção começou na casa de seus pais em 1973 e, atualmente, o museu faz rodízio de suas exposições, mas há exposições permanentes e imperdíveis no local, incluindo uma que destaca quatro décadas de história LGBTQIAP+ no Condado de Broward, onde o museu está localizado.
“As exposições representam a voz das pessoas, dos tempos e da sociedade em geral para representar um quadro completo da história e da cultura”, diz Robert Kesten, presidente e CEO do Stonewall National Museum.
O museu já organizou exposições e eventos anteriores e futuros, como uma reconstituição da revolta de Stonewall, as exposições “55 Years of Pride” e “Queer Baseball”, uma sessão de autógrafos com o comediante Bruce Vilanch e noites de cinema queer gratuitas, incluindo os favoritos queer, como “A Malvada” e “A Morte lhe Cai Bem”.
5. Schwules Museum, em Berlim, Alemanha
Em 1984, Andreas Sternweiler, Wolfgang Theis e Manfred Baumgardt eram estudantes que trabalhavam como guardas no antigo Museu de Berlim. Eles incentivaram o diretor do museu a organizar algo inovador na época: uma exposição sobre a comunidade LGBTQIAP+ de Berlim.
Durante o verão de 1984, a exposição “Eldorado - the History, Everyday Life, and Culture of Homosexual Women and Men 1850-1950” foi exibida no Museu de Berlim e recebeu mais de 40 mil visitantes. O sucesso e a popularidade de “Eldorado” provocaram a ideia de criar uma residência permanente para a exposição, que acabaria sendo abrigada no que hoje é conhecido como Museu Schwules.
O Schwules Museum está localizado no bairro Tiergarten, em Berlim, desde 2013. Seu objetivo continua sendo preservar a cultura queer europeia, relatando a história LGBTQIP+ na Alemanha e em outras nações europeias.
Seu arquivo está repleto de periódicos da década de 1990 e mais de 25 mil livros sobre homossexualidade, questões queer-feministas, transgêneros e identidades intersexuais. Depois de conhecer a biblioteca, visite o espaço principal de exposições, que exibe galerias de fotos, vídeos, cartões postais, cartas e itens de vestuário da comunidade LGBTQIAP+. O museu já abrigou exposições sobre dandismo e Charlotte von Mahlsdorf, um ícone gay da Alemanha Oriental.
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6. Gerber/Hart LGBTQ+ Library and Archives, em Chicago, Estados Unidos
A Biblioteca e Arquivos LGBTQIAP+ Gerber/Hart, em Rogers Park, em Chicago, é a maior biblioteca LGBTQIAP+ do Centro-Oeste. Fundada em 1981, ela abriga cerca de 15 mil itens voltados para a comunidade e organizações queer em Chicago e no meio-oeste dos Estados Unidos.
Os itens em exposição incluem álbuns de fotos de Miss Tillie, uma artista drag que começou a se apresentar na década de 1940 e acabou se mudando para Chicago na década de 1960. Alguns dos 800 periódicos em seus arquivos incluem edições antigas da Thing, uma revista com sede em Chicago que circulou de 1989 a 1993 e cobria a comunidade LGBTQIAP+ negra local.
Os visitantes também podem explorar galerias com curadoria que se concentram na cena drag de Chicago, memorabilia do Pride, livros proibidos e áreas que se concentram em tópicos como o feminismo lésbico das décadas de 1970 e 1980, ativismo bissexual e lésbicas nos esportes.
Durante todo o ano, a biblioteca oferece uma série de eventos queer, como a Queer Stitch Night, liderada pela artista Isabel Sperry, e o Queer Zine Club, uma reunião informal de pessoas LGBTQIAP+ que têm curiosidade sobre a cultura queer e a criação de revistas.
7. GLBT Historical Society, em San Francisco, nos Estados Unidos
O GLBT Historical Society – no famoso e tradicional distrito de Castro, em São Francisco – é considerado o primeiro museu autônomo a apresentar exposições com foco na história e cultura LGBTQIAP+ nos Estados Unidos. O museu narra o ativismo queer e os movimentos culturais na área da baía com foco na diversidade e na justiça social.
A exposição “Queer Past Becomes Present”, na galeria principal, fez a curadoria de alguns pertences pessoais de Harvey Milk, um ativista gay e o primeiro prefeito abertamente gay de São Francisco.
O museu também abriga uma grande coleção de materiais históricos LGBTQIAP+, incluindo os registros da Asian/Pacific Aids Coalition e a coleção de Meg Barnett de registros da Lesbians Against Police Violence, que consistem em agendas da organização, panfletos, anotações de reuniões gerais e de comitês e alguns recortes de jornais e revistas.
Os arquivos da GLBT Historical Society receberam o nome do Dr. John P. DeCecco, professor de psicologia, autor e pioneiro em estudos sobre sexualidade. As visitas aos arquivos são feitas somente com hora marcada.
** Lola Méndez é uma jornalista freelancer uruguaia-americana que escreve sobre sustentabilidade, viagens, cultura e bem-estar.
