Esta barraca em Amsterdã vende oliebollen, um tipo popular de donut para comer na véspera de Ano ...

As 7 tradições culinárias de Ano Novo que podem trazer boa sorte

De um donut que protege contra bruxas a um doce que prevê a sorte, culturas ao redor do mundo frequentemente começam o novo ano com comidas deliciosas.

Esta barraca em Amsterdã vende oliebollen, um tipo popular de donut para comer na véspera de Ano Novo. É uma das muitas tradições culinárias ao redor do mundo para celebrar a chegada do novo ano.

Foto de Ramon van Flymen, ANP, Redux
Por Leah Worthington
Publicado 30 de dez. de 2025, 09:58 BRT

Há milênios, pessoas ao redor do mundo celebram o Ano Novo na esperança de que ele traga saúde, riqueza e sucesso. Frequentemente, essas festividades giram em torno de algum alimento simbólico — como macarrão comprido para uma vida longa, doze uvas para doze meses de sorte e até comer couve para atrair dinheiro.

Deixando o champanhe de lado, a culinária de Ano Novo tende a ser bastante simples e barata. Veja, por exemplo, a tradição  das lentilhas no Brasil ou o feijão-fradinho no sul dos Estados Unidos. "A simplicidade da comida demonstra a universalidade do feriado", afirma Amy Bentley, professora de nutrição e estudos alimentares da Universidade de Nova York.

Com 2026 se aproximando rapidamente, chefs e historiadores da culinária compartilham as histórias por trás de algumas das tradições culinárias de Ano Novo menos conhecidas ao redor do mundo.

Clientes fazem fila na barraca de oliebollen de Vermolen em Haia, nos Países Baixos, no dia de ...

Clientes fazem fila na barraca de oliebollen de Vermolen em Haia, nos Países Baixos, no dia de Ano Novo.

Foto de Phil Nijhuis, ANP, Redux

Oliebollen (bolinho frito) dos Países Baixos


Ano Novo nos Países Baixos seria incompleto — e, se a lenda for verdadeira, perigoso — sem oliebollen. O bolinho holandês, cujo nome se traduz literalmente como "bola de óleo", é normalmente consumido durante todo o ano, mas acredita-se que tenha poderes protetores durante o Ano Novo.

Dizem as histórias que a deusa pagã Perchta, também conhecida como a "bruxa do Natal", voa pelos céus das noites de inverno abrindo as barrigas das pessoas em busca de comida. Oliebollen é a única maneira de detê-la — segundo a lenda, a gordura da massa frita faria com que sua espada deslizasse sobre as barrigas das vítimas.

Normalmente temperados com canela, cravo e gengibre, os oliebollen são fritos e frequentemente recheados com frutas secasmaçãs picadas e amêndoas inteiras, de acordo com o historiador e autor culinário Peter Rose. Rose observa que sua popularidade nos meses de inverno pode ser atribuída históricamente, em parte, à maior disponibilidade de gordura para fritar após o abate dos animais, que tradicionalmente ocorria em novembro.

mais populares

    veja mais
    O chef Wesley Jean Simon prepara sopa joumou, uma tradição para comemorar o Dia da Independência ...

    O chef Wesley Jean Simon prepara sopa joumou, uma tradição para comemorar o Dia da Independência do Haiti. As receitas para esta sopa à base de abóbora podem variar ligeiramente; a de Jean Simon inclui repolho e alho-poró.

    Foto de Sara Naomi Lewkowicz, The New York Times, Redux

    Sopa joumou, típica do Haiti


    prato nacional do Haiti, país no Caribe, é uma sopa muito apreciada, à base de abóbora, servida anualmente em 1º de janeiro, um dia importante no país caribenho por mais de um motivo.

    O prato surgiu como uma celebração da libertação do Haiti do domínio francês. Sob o regime colonial, os africanos escravizados eram forçados a cultivar abóbora e preparar a sopa para seus senhores franceses, mas eram proibidos de consumi-la

    Quando o Haiti declarou sua independência em 1º de janeiro de 1804, acredita-se que Marie Claire Heureuse Félicité Bonheur Dessalines — esposa de um importante revolucionário — distribuiu a sopa joumou a todos os haitianos recém-libertos.

    “De muitas maneiras, é um sinal de desafio e conquista”, bem como um símbolo de mudança e comunhão, diz o cineasta Dudley Alexis, nascido no Haiti. Alexis, que dirigiu um documentário sobre a história da sopa joumou, afirma que é sua “tradição favorita do Haiti”. Embora a receita varie de família para família, a maioria inclui carne bovinabatatasmacarrão e alguns vegetais, além, claro, de abóbora e especiarias

    O preparo geralmente começa na noite anterior, em 31 de dezembro, e costuma ser uma atividade familiar comunitária, conta ele. “Há um elemento de compartilhamento”, acrescenta, lembrando-se de trocar tigelas de sopa com os vizinhos. Mas, no fim das contas, “todo mundo vai te dizer que a sopa da mãe é a melhor”.

     A banitsa é uma massa folhada tradicional búlgara preparada com camadas de uma mistura de ovos batidos e ...

     A banitsa é uma massa folhada tradicional búlgara preparada com camadas de uma mistura de ovos batidos e pedaços de sirene entre camadas de massa filo. Em certas ocasiões, amuletos da sorte são colocados dentro da massa.

    Foto de Taratorki, SHUTTERSTOCK

    Banitsa, tradicional na Bulgária


    No centro das festividades de Ano Novo na Bulgária está uma massa folhada salgada e festiva chamada banitsa. "Poucas coisas são tão tentadoras quanto o cheiro de banitsa recém-assada", diz a escritora e criadora de receitas Irina Janakievska, nascida na Macedônia. 

    Entre camadas de massa folhada, encontra-se uma mistura de ovosiogurte natural e queijo branco curado em salmoura (belo salamureno sirene). Embora também seja consumida no café da manhã do dia a dia, a versão festiva é algo especial.

    No Ano Novo, banitsa é tipicamente recheada com objetos simbólicos e mensagens de boa sorte, de acordo com Janakievska, autora de "The Balkan Kitchen". 

    Algumas famílias escondem moedas de prata que supostamente trazem sorte a quem as encontra, enquanto outras decoram a massa com galhos, envoltos em pedaços de papel contendo mensagens manuscritas. "Cada pessoa pega uma fatia, e acredita-se que o bilhete encontrado preveja sua sorte para o ano que se inicia", explica ela.

    Bibingka malagkit, ou bolo de arroz feito com arroz glutinoso, cozido em leite de coco e ...

    Bibingka malagkit, ou bolo de arroz feito com arroz glutinoso, cozido em leite de coco e coberto com coco caramelizado, comum nas Filipinas.

    Foto de junpinzon, SHUTTERSTOCK

    Bolinhos de arroz nas Filipinas


    As celebrações do Ano Novo filipino geralmente envolvem uma elaborada variedade de pratos com significados simbólicos — até mesmo supersticiosos.

    Considere kakanin, por exemplo, a palavra em tagalo para uma variedade de bolinhos de arroz glutinoso. Essas iguarias festivas incluem opções salgadas, como o puto (bolinho de arroz cozido no vapor, geralmente servido com sopa ou ensopado) e bibingka (bolinho de arroz assado em folhas de bananeira, frequentemente coberto com ovos e queijo). 

    Há ainda os bem doces, comobiko (bolinho de arroz feito com leite de coco e açúcar mascavo) e tikoy (um bolinho de arroz doce cozido no vapor, consumido no final da refeição). Pegajosos e glutinosos, esses pratos simbolizam o fortalecimento dos laços familiares e servem como um ímã para a boa sorte no novo ano.

    A centralidade do arroz durante o Ano Novo (e outros feriados) remonta às Filipinas pré-coloniais, de acordo com Yana Gilbuena-Babu, chef e escritora filipina. Antes da colonização espanhola, o arroz era “tão difícil de cultivar que só era servido em ocasiões muito especiais”, diz ela.

    “Minha avó sempre se certificava de que a refeição representasse abundância, porque era isso que queríamos transmitir”, afirma.

    Hoje, a grande variedade de pratos à base de arroz também é uma fusão cultural. Do tikoy biko, que vieram da China, ao puto, que se acredita ser de origem tâmil, “a mesa de Ano Novo é realmente um reflexo de todas as influências que recebemos”.

    Uma gemada servida em uma caneca em formato de alce no Elf's Candyland Pub, um bar temporário ...

    Uma gemada servida em uma caneca em formato de alce no Elf's Candyland Pub, um bar temporário de Natal no Fairmont Chateau Laurier em Ottawa, Canadá.

    Foto de J Duquette, SHUTTERSTOCK

    Leite de alce, uma bebida exótica no Canadá


    O que você obtém ao combinar gemada, um pouco de sorvete e uma grande quantidade de álcoolLeite de Alce, é claro. O festivo coquetel canadense, conhecido por ser deliciosamente suave e perigosamente alcoólico, é uma bebida favorita durante as festas de fim de ano no meio militar, de acordo com Michael Boire, oficial aposentado do exército e professor de história no Colégio Militar Real do Canadá.

    A bebida é tipicamente feita com uma combinação diferente de leiteespeciarias, rum e sorvete. Como diz Boire, a bebida "pode ​​levar a festas maravilhosas e estrondosas ou a cenas lamentáveis".

    Leite de Alce tem sido presença constante em eventos sociais militares, incluindo recepções oficiais de Ano Novo que reúnem autoridades governamentais e militares com membros do público. Embora as origens exatas sejam difíceis de rastrear, as primeiras referências ao Leite de Alce datam de antes da Primeira Guerra Mundial, de acordo com Boire.

    "Um grande pote de leite de alce mantém uma recepção animada", afirma ele. "É impressionante ver como a dança começa rapidamente."

    Trabalhadores de uma empresa de processamento de pescado produzem Kamaboko em Kobe, no Japão.

    Trabalhadores de uma empresa de processamento de pescado produzem Kamaboko em Kobe, no Japão.

    Foto de The Yomiuri Shimbun, AP Images

    Kamaboko, um delicado bolinho de peixe do Japão


    No Japão, existe uma categoria inteira de comida dedicada ao Ano Novo. Osechi-ryōri, que surgiu há mais de mil anos, durante o período Heian, é tradicionalmente servido em caixas de laca, segundo Samuel Yamashita, historiador e especialista em estudos asiáticos do Pomona College, nos Estados Unidos.

    Entre a variedade colorida de alimentos embalados nas caixas, encontra-se um delicado bolinho de peixe vermelho e branco chamado kamaboko. O formato arredondado, com a camada vermelha sobreposta à branca, lembra um sol nascente e simboliza boa sorte para o Ano Novo.

    O kamaboko é frequentemente servido em o-zōni, uma sopa à base de soja ou missô com mochi e vegetais. "Normalmente, é a primeira coisa que os japoneses comem no Ano Novo", explica Jessica Kim, nipo-americana de primeira geração e proprietária do restaurante da família, Harumi Sushi, em Phoenix, Arizona.

    Cozinheiros preparam um enorme sancocho, um ensopado tradicional de carne bovina, frango, legumes e batatas, em ...

    Cozinheiros preparam um enorme sancocho, um ensopado tradicional de carne bovina, frango, legumes e batatas, em uma panela de 15 mil litros em Caracas, na Venezuela.

    Foto de Francesco Spotorno, Reuters, Redux

    Comidas tradicionais da época na América Latina


    Do lechón asado cubano aos tamales mexicanos, a carne de porco ocupa um lugar importante na mesa de Ano Novo na América Latina, segundo Sandra Gutierrez, jornalista gastronômica, autora de livros de culinária e especialista em culinária latino-americana.

    Ela explica que substituir a carne de cabra por carne de porco — mais abundante e barata — é uma adaptação latino-americana da “tradição de assar um animal inteiro para celebrar as festividades”, que, segundo ela, remonta a séculos atrás, no Oriente Médio. A carne de porco é um símbolo de prosperidade, uma crença que, segundo ela, vem dos chineses, que se estabeleceram nos territórios latinos a partir do final do século 19.

    As tradições de Ano Novo que envolvem leguminosas como lentilhas e feijões são comuns na América Latina, de acordo com Gutierrez. As lentilhas, por sua semelhança com moedas de ouro, são símbolos populares de riqueza no BrasilChileVenezuela, onde as pessoas costumam comer uma colherada (ou mais) de lentilhas à meia-noite. 

    Na Colômbia, é tradição carregar lentilhas cruas no bolso no último dia do ano. Nem todas as tradições relacionadas à comida são comestíveis. Cubanosbrasileiros e mexicanos costumam usar saquinhos de lentilhas secas como decoração ou presentes, para desejar boa sorte uns aos outros no ano que se inicia.

    No Brasil, as sementes de romã também simbolizam moedas, diz Gutierrez. É comum os brasileiros comerem a fruta, ou “até mesmo guardarem algumas sementes na carteira durante o ano todo, como forma de atrair riqueza”.

    mais populares

      veja mais
      loading

      Descubra Nat Geo

      • Animais
      • Meio ambiente
      • História
      • Ciência
      • Viagem
      • Fotografia
      • Espaço
      • Saúde

      Sobre nós

      Inscrição

      • Assine a newsletter
      • Disney+

      Siga-nos

      Copyright © 1996-2015 National Geographic Society. Copyright © 2015-2025 National Geographic Partners, LLC. Todos os direitos reservados