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Novo dinossauro encontrado na Argentina tem braços menores que os do Tiranossauro-Rex

Cientistas acabaram de encontrar um dinossauro carnívoro de 70 milhões de anos que viveu na América do Sul durante o período Cretáceo, segundo um novo estudo.

Uma ilustração feita por computador mostra como seria a aparência do recém-descoberto dinossauro Koleken.

Foto de Illustration by Gabriel Diaz Yantén
Por Riley Black
Publicado 22 de mai. de 2024, 08:00 BRT

Tudo começou com uma garra. Enquanto vasculhavam a Formação La Colonia, província patagônica de Chubut, na Argentina, em busca de novos fósseis de dinossauros, os paleontólogos notaram um único osso do dedo do pé saindo da rocha antiga. 

Quando escavaram, encontraram um novo dinossauro – um carnívoro que vagou pela Patagônia pré-histórica vários milhões de anos antes de um impacto de asteroide encerrar o período Cretáceo.

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O novo dinossauro era um carnívoro de focinho curto, conhecido pelos especialistas como abelisaurídeoDiego Polpaleontólogo do Museu de Paleontologia Egidio Feruglio, na Argentina, e seus colegas, o batizaram o animal de Koleken inakayali, uma homenagem a Inakayal, um chefe falecido do povo indígena Tehuelche natural do leste da Patagônia, e um nome da língua Teushen que significa “vindo do barro e da água”.

O paleontólogo argentino Diego Pol analisa o modelo do crânio de Koleken, uma nova espécie recém-descoberta de terópode abelisaurídeo do final do período Cretáceo da Patagônia argentina (Província de Chubut), no Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia em maio de 2024.

Foto de Luján Agusti

Pol, que também é um Explorador da National Geographic, e seus colegas descobriram Koleken como parte de um esforço contínuo para entender a evolução dos dinossauros antes da extinção em massa que mudou para sempre a biodiversidade da Terra há 66 milhões de anos. Até o momento, a maior parte do que sabemos sobre os últimos dias dos dinossauros vem de uma área relativamente pequena da América do Norte

Achados comoKoleken, na Patagônia argentina, estão revelando como os dinossauros continuaram a evoluir e prosperar nos vários milhões de anos anteriores à extinção em massa. 

Após a descoberta da primeira garra, Pol e seus colegas voltaram ao local na esperança de encontrar mais. “Descobrimos que havia uma concreção logo abaixo da superfície de onde todos esses ossos estavam vindo”, explica Pol, cujo estudo foi publicado recentemente na revista científica Cladistics. A equipe coletou cuidadosamente os ossos do crânio que já haviam sofrido erosão da rocha e estavam espalhados pela concreção, bem como várias partes da coluna vertebralquadris e membros do terópode.

“Quando preparamos a concreção no laboratório, descobrimos que toda a parte traseira do Koleken estava preservada em perfeita articulação”, diz Pol. Parte da coluna vertebral, os quadris e as pernas completas estavam todos juntos, o que indica que o dinossauro foi enterrado e preservado antes que o corpo se deteriorasse e as partes se dispersassem.

Encontrar ossos de dinossauros ainda articulados entre si é relativamente raro, especialmente considerando a quantidade de sedimentos necessários para enterrar e preservar um animal que poderia chegar a ter mais de 6 metros de comprimento.

No entanto, não ficou imediatamente evidente que o Koleken era um novo dinossauro. Décadas antes, em 1985, os paleontólogos deram o nome de Carnotaurus a um famoso carnívoro da mesma formação geológica.

O “touro comedor de carne”, apelido dado na época, rapidamente se tornou uma “celebridade” dos dinossauros, caracterizado pelos chifres triangulares que se projetam acima de cada olho. Agora, em uma inspeção minuciosa, no entanto, Pol e seus colegas não encontraram nenhum sinal de chifres ou outros traços reveladores do Carnotaurus, indicando que os ossos do carnívoro que eles recuperaram pertenciam a uma nova espécie que ninguém havia visto antes.

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    “Considero os argumentos sobre o novo dinossauro dos autores muito convincentes”, afirma Mauricio Cerroni, paleontólogo do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia, de Buenos Aires, que não participou do novo estudo.

    Isso porque as diferenças entre as espécies são claras: os ossos nasais do Koleken e do Carnotaurus, por exemplo, são facilmente distinguidos um do outro, e a falta de chifres largos nas sobrancelhas do Koleken é outro ponto que diferencia os dois.

    Não se sabe se KolekenCarnotaurus viveram lado a lado. A Formação La Colonia se estende por cerca de cinco milhões de anos e, portanto, os dois carnívoros poderiam ter sido contemporâneos ou separados por milhões de anos. No entanto, a descoberta de Koleken forneceu a Pol e seus colegas mais informações sobre como os abelisaurídeos de focinho curto se saíram no final do período Cretáceo.

    Esses carnívoros prosperaram em grande parte do Hemisfério Sul, desde o Carnotaurus na Argentina e o Rugops na Nigéria até o Majungasaurus em Madagascar, entre alguns outros pontos do globo. Enquanto os tiranossauros viviam em grande escala na América do Norte e na Eurásia, os abelisaurídeos estavam entre os carnívoros mais difundidos e diversificados dos continentes do sul. 

    Os abelisaurídeos prosperaram ao lado de grandes dinossauros saurópodes: o herbívoro de pescoço longo Titanomachya, nomeado por Pol e colegas da mesma formação no início deste ano, pode ter sido uma presa para Koleken.

    “Os abelisaurídeos estão entre os carnívoros mais notáveis e fascinantes do Cretáceo, com uma variabilidade única na ornamentação do crânio, como cristas, cúpulas e chifres”, afirma Pol.

    Os carnívoros do Sul tinham uma aparência um tanto atarracada em comparação com os mais famosos tiranossauros- rex (conhecidos também como T-Rex). Em vida, os braços dos abelisaurídeos mal se projetavam do corpo, diz Federico Agnolin, um paleontólogo do museu argentino que também não participou da nova pesquisa.

    Os abelisaurídeos tinham crânios curtos e profundospescoços grossos e braços robustos, uma combinação inconfundível de características que tornam os carnívoros instantaneamente reconhecíveis.

    “Os abelisaurídeos também tinham braços bem pequenos, ridículos, mesmo em comparação com os tiranossauros-rex. Eles tinham ossos enormes nos ombros, mas braços extremamente curtos com vários dedos pequenos, claramente inúteis em qualquer forma de captura de presas e, ainda assim, bastante flexíveis. “Ainda não sabemos para que eles usavam os membros superiores”, revela Pol.

    Laços familiares


    Mais estranho ainda é o fato de os abelisaurídeos estarem intimamente relacionados a outro grupo de dinossauros do Hemisfério Sul chamado noasaurídeos. Enquanto os abelisaurídeos eram predadores de emboscada musculosos e volumosos, os noasaurídeos eram geralmente menores e magros, preferindo presas pequenas ou até mesmo plantas. “Eles são tão diferentes uns dos outros que chega a ser engraçado o fato de serem parentes próximos”, diz Pol.

    descoberta de Koleken ofereceu a Pol e seus colegas uma oportunidade de examinar a história evolutiva de ambas as linhagens e descobrir como esses dinossauros se tornaram tão diferentes depois de se separarem de um ancestral comum no período Jurássico.

    Pol e seus colegas descobriram que os abelisaurídeos, como o Koleken, e os noasaurídeos começaram a desenvolver rapidamente planos corporais diferentes entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo. A importância do trabalho, diz Cerroni, é que ele explica quando os dois grupos de dinossauros começaram a divergir, apesar de serem parentes tão próximos.

    Os noassauroides sofreram mudanças em seus membros posteriores e tronco, enquanto os crânios dos abelisaurídeos estavam evoluindo rapidamente para formas curtas, ornamentadas e altamente carnívoras, como as de CarnotaurusKoleken. Os abelisaurídeos também desenvolveram uma variedade de formas de crânio, observa Agnolin, enquanto o restante de seus corpos permaneceu relativamente semelhante entre si.

    Os fósseis dessa janela de tempo ainda são raros, mas a descoberta do Koleken ajudou os especialistas a refinar as ideias sobre onde procurar esses importantes fósseis de transição. “Certamente precisamos continuar procurando por terópodes durante esses períodos”, explica Pol, “para descobrir mais sobre esses momentos-chave”.

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