Estes lugares na América Latina podem desaparecer! Ajude a conservá-los

Diversos fatores ameaçam esses valiosos espaços, por isso a Unesco decidiu incluí-los em uma lista para inspirar medidas de conservação.

O vale da selva de La Mosquitia, na fronteira com a Nicarágua, esconde os restos de uma antiga cidade perdida, Honduras. Local está na lista de Patrimônio Mundial em Perigo, da Unesco.

Foto de Dave Yoder
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 18 de mai. de 2023, 15:02 BRT

Devido ao valor excepcional para a humanidade e riqueza natural ou cultural, alguns locais devem ser preservados. Os que entram neste critério são identificados pela Lista do Patrimônio Mundial elaborada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Da lista, 55 locais são apontados como ameaçados.  

Especificamente, a Lista do Patrimônio Mundial em Perigo visa informar a comunidade internacional sobre as condições que colocam determinados espaços em perigo e inspirar medidas corretivas. Na América Latina, seis locais estão incluídos na lista. Descubra quais são.

Cidade de Potosí, Bolívia

A cidade, localizada na Cordilheira dos Andes,  foi considerada o maior complexo industrial do mundo do século 16. Graças às suas reservas de prata, Potosí tornou-se uma cidade de grande influência e ainda preserva vestígios da época de maior apogeu da atividade, que diminuiu significativamente após os anos 1800.

Entre os atrativos turísticos, a cidade preserva as antigas instalações industriais do Cerro de Potosí (também conhecido como Cerro Rico), que recebem água através de um intrincado sistema de aquedutos e lagos artificiais. Há também o bairro colonial com a Casa da Moeda, a Igreja de San Lorenzo, várias mansões nobres e os bairros dos trabalhadores das minas.

Segundo a Unesco, muitos desses edifícios possuem um estilo "barroco andino" que incorpora influências indígenas e refletem a rica vida social e religiosa da época.

O local foi incluído na Lista de Patrimônios em Perigo em 2014 devido à degradação do Cerro Rico, causada pelas contínuas operações de mineração. As atividades resultaram no desabamento de partes do topo da montanha, ameaçando as propriedades e as vidas humanas.

Reserva da Biosfera do Río Plátano, Honduras

Localizada na bacia do Rio Plátano, na região de Mosquitia, nordeste de Honduras, esta reserva abrange 350 mil hectares e é a maior área protegida do país.

O local é reconhecido como uma joia da conservação da natureza, abrigando um dos poucos remanescentes de floresta tropical úmida na América Central. Ele também conta com uma grande diversidade de ecossistemas distintos (28 terrestres e cinco marinhos), incluindo áreas úmidas, savanas e lagoas costeiras.

Além disso, sua fauna é variada. Por exemplo, a Unesco afirma que lá se encontram 721 espécies de vertebrados, 411 aves documentadas e 108 répteis e anfíbios.

A propriedade também abriga valores arqueológicos e culturais notáveis, com numerosos sítios pré-colombianos e gravuras rupestres, bem como culturas indígenas vivas de mais de 2000 comunidades, acrescenta a organização.

Apesar de existir legislação que protege a Reserva da Biosfera de Río Plátano, ela está em perigo desde 2011 devido à pressão humana que ameaça sua integridade. Entre os fatores que a prejudicam, a pasta da ONU menciona o desmatamento, invasão agrícola e extração ilegal de recursos.

Ilhas e Áreas Protegidas do Golfo da Califórnia, México

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    O Golfo da Califórnia ao entardecer, Punta Chueca, Estado de Sonora, México.

    Foto de Lynn Johnson

    Este local compreende 244 ilhas, ilhotas e áreas costeiras localizadas no Golfo da Califórnia, no nordeste do México, e banhadas pelo Mar de Cortez. Entre os principais ativos do patrimônio é que suas ilhas são consideradas um laboratório natural para a pesquisa de especiação, ou seja, estudo sobre o surgimento de uma ou mais espécies a partir de uma população ancestral. Além disso, quase todos os principais processos oceanográficos que ocorrem nos mares do planeta podem ser observados na região. 

    Além de sua beleza natural, representada por penhascos e praias, o Golfo abriga 695 espécies de plantas vasculares, mais do que qualquer outro bem marinho e insular na Lista do Patrimônio Mundial. Também possui um grande número de espécies aquáticas, o que lhe rendeu o apelido de "Aquário do Mundo". Lá estão presentes 891 espécies de peixes, 39% do total mundial de espécies de mamíferos marinhos e um terço dos cetáceos marinhos do mundo.

    Segundo a Unesco, este local está na Lista de Perigo desde 2019. Os grandes desafios para a integridade das áreas marinhas e costeiras, explica a organização, derivam principalmente do desenvolvimento fora das áreas protegidas, especialmente pesca excessiva, turismo e desenvolvimento costeiro.

    Fortificações do lado caribenho do Panamá: Portobelo-San Lorenzo

    Vista da fortaleza colonial espanhola, seus canhões apontando para o mar, Portobelo, Panamá.

    Foto de Gordon Gahan

    Tratam-se de fortificações exemplares da arquitetura militar dos séculos 17 e 18. Essas construções faziam parte do sistema defensivo criado pela Coroa da Espanha para proteger o porto de Portobelo e a foz do rio Chagres, que eram os terminais caribenhos da rota transcontinental usada pelos europeus através do istmo do Panamá.

    Essas fortificações começaram a ser construídas em 1590, combinando diferentes estilos, algumas habilmente integradas à paisagem natural como parte de seu projeto defensivo militar. Nas primeiras construções predominava um estilo militar com traços medievais, mas, no século 18, elas foram reconstruídas em estilo neoclássico.

    Segundo a Unesco, essas fortificações são um exemplo da genialidade criativa humana e são fundamentais para a compreensão da adaptação dos modelos de construção europeus e seu impacto na transformação do Novo Mundo. Além disso, "essa propriedade demonstra a organização estratégica do território e representa um conceito importante de defesa e desenvolvimento tecnológico".

    A organização decidiu incluir o local na lista em 2012, pois considera que "a integridade da propriedade tem sido comprometida em diferentes graus por fatores ambientais, expansão e desenvolvimento urbano descontrolado, falta de manutenção e gestão".

    Zona Arqueológica de Chan Chan, Peru

    O interior do centro principal da cidade de Chan Chan, Peru.

    Foto de Robert Clark

    Chan Chan foi a capital do Reino Chimú, uma comunidade que atingiu seu auge no século 15 antes de ser conquistada pelos incas. É considerada a maior cidade de arquitetura de terra da América pré-colombiana e reflete a integração da arquitetura simbólica e sagrada com o conhecimento tecnológico e a adaptação ao meio ambiente nativo.

    Os vestígios desta vasta cidade refletem em seu layout uma estratégia política e social rígida, acentuada por sua divisão em nove cidadelas ou palácios delimitados por paredes altas e espessas de terra, muitas vezes decoradas com frisos de padrões abstratos.

    Nas cidadelas estão incluídos templos, residências, armazéns, depósitos e plataformas funerárias. Também são preservados os restos de sistemas industriais, agrícolas e de gestão da água dos Chimú.

    O local foi incluído na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo em 1986 devido ao precário estado de conservação da arquitetura de terra e sua vulnerabilidade a eventos climáticos extremos causados pelo fenômeno El Niño, que afeta a costa norte do Peru.

    Além desses fenômenos, a agência das Nações Unidas adverte que o ambiente e a integridade da propriedade têm sido afetados por práticas agrícolas ilegais exacerbadas, pela falta de resolução de problemas de posse e realocação de terras, bem como pela invasão de desenvolvimento urbano e infraestrutura.

    Coro e o porto de La Vela, Venezuela

    Coro e seu porto, La Vela de Coro, formam uma cidade histórica localizada na costa do estado de Falcón, no oeste da Venezuela, e remontam aos primeiros anos da colonização espanhola. Foi estabelecida a partir de 1527 e foi a primeira capital da Capitania Geral da Venezuela e o primeiro Bispado da América Continental, estabelecido em 1531. Coro também foi a primeira cidade sul-americana a conquistar a independência da Espanha.

    Possui edifícios de terra, como residências, estruturas religiosas e civis, em uma rica fusão de tradições locais e técnicas arquitetônicas mudéjares (arquitetura resultante de culturas muçulmanas e cristãs) espanholas e holandesas, mantendo seu design original e paisagem urbana. Entre as técnicas tradicionais estão o bahareque, que utiliza barro, madeira e bambu, o adobe e a taipa (terra compactada).

    Devido às chuvas incomuns e aos danos subsequentes às cidades de Coro e ao porto de La Vela no final de 2004 e início de 2005, o local do foi incluído na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo em 2005. Além disso, a Unesco destaca sua vulnerabilidade ao impacto decorrente da falta de controle urbanístico.

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